Após um final de ano com temperaturas recordes em todo o país, o início de 2026 será marcado pela concentração das chuvas no Centro-Sul do país e redução dos volumes no Norte e no interior do Nordeste.
Segundo a meteorologista Nadiara Pereira, da Climatempo, a reorganização dos sistemas atmosféricos ao longo do verão deve favorecer a atuação mais frequente de corredores de umidade sobre o Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Esse padrão tende a aumentar a regularidade das chuvas nessas regiões, enquanto mantém a irregularidade no Norte e no Nordeste, com períodos mais longos de sol e calor intercalados por precipitações rápidas.
“O fenômeno La Niña está em vigência no Oceano Pacífico Equatorial desde o início de outubro. O resfriamento se intensificou gradualmente nas últimas semanas, mas se manteve no limiar de fraca intensidade”, acrescenta a meteorologista. As projeções indicam que o La Niña terá curta duração, ainda predominando durante a maior parte do verão, mas perdendo intensidade no início de 2026.
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De acordo com o Inmet, janeiro integra um trimestre com chuvas próximas ou acima da média em áreas do Centro-Oeste, Sudeste e parte da região Sul. Estados como Mato Grosso, Goiás, São Paulo e o centro-sul de Minas Gerais devem registrar elevados níveis de umidade no solo, condição que favorece o desenvolvimento das lavouras de soja e milho de primeira safra.
Em alguns momentos, porém, o excesso hídrico pode dificultar operações de campo, como tratos culturais e o início da colheita em áreas mais adiantadas.
“Os eventos fortes de precipitação ocorrerão alternados com períodos de tempo seco, mas em alguns momentos o excesso de umidade pode ser prejudicial para as atividades em campo, inclusive para o início da colheita da soja e plantio do milho segunda safra no final de janeiro”, observa Nadiara Pereira.
No Sul, a previsão indica manutenção de bons níveis de armazenamento de água no solo no Paraná e em Santa Catarina, beneficiando lavouras em desenvolvimento. Já no centro-sul do Rio Grande do Sul, a distribuição das precipitações pode ser mais irregular, exigindo maior atenção no manejo agrícola.
“Áreas do leste de Santa Catarina e do Paraná devem enfrentar precipitações mais irregulares e algumas áreas pontuais podem apresentar desvio negativo. Devido ao aumento das chuvas, os picos de calor serão menos frequentes”, afirma a meteorologista da Climatempo.
Para o Nordeste, o prognóstico é de maior restrição hídrica no interior da região. O Inmet aponta chuvas abaixo da média e baixos níveis de umidade no solo, especialmente no centro-leste nordestino, o que pode limitar o desempenho de culturas de sequeiro e a recuperação das pastagens.
Na região Norte, janeiro deve marcar redução gradual das áreas com déficit hídrico em relação a dezembro, embora Roraima ainda concentre condições mais secas. As temperaturas seguem acima da média, elevando a demanda hídrica das culturas.
Segundo Nadiara, “o interior do Norte e do Nordeste deve enfrentar períodos mais longos de sol e calor, com chuvas rápidas e irregulares”.