Durante reunião da Câmara Setorial do Trigo do Estado de São Paulo nesta quinta-feira (16/10), produtores manifestaram preocupação com a baixa rentabilidade da cultura neste início de safra. Em resposta, representantes da indústria defenderam a importância de estratégias de comercialização.
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“O produtor está muito afobado para vender”, afirmou Nelson Montagna, presidente da Câmara Setorial, ao comentar a pressa dos agricultores em fechar negócios, mesmo diante de preços em queda em razão do avanço da colheita.
Atualmente, o trigo paulista está sendo negociado a R$ 1.180 por tonelada para entrega em janeiro. Em junho, o mercado chegou a pagar R$ 1.400. Para Max Piermartiri, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo) e diretor-presidente do Moinho Anaconda, a diferença reflete movimentos naturais de mercado.
“Todo mundo quer comprar quando o preço está baixo. Os moinhos vão encher as mãos no início da safra, porque é quando o preço cai. Mas tenho certeza que lá para maio, junho, julho, o preço vai estar outro”, afirmou.
Segundo ele, o produtor precisa considerar o momento certo de negociar. “Saber produzir é importantíssimo, mas saber vender é fundamental”, disse. Em uma analogia, Piermartiri comparou o comportamento do mercado à disponibilidade do produto: “Comprar cerveja em Ipanema meio-dia, você vai pagar caro. Mas se você puder escolher quando comprar ou vender, você está em vantagem”.
A queixa sobre a rentabilidade levou ainda a uma defesa da posição da indústria. “A indústria entende o drama do produtor, mas sempre vai ter um cabo de guerra entre vendedores, compradores e a rentabilidade. Mas quem vai determinar isso é o mercado, não somos nós”, afirmou Piermartiri.
Sobre as importações, ele destacou que o trigo argentino não é a primeira escolha da indústria moageira, mas muitas vezes se torna necessário. “A gente compra trigo argentino não porque gosta. Preferimos trigo paulista. Porque você compra uma carga, o dólar vai estar a quanto? Eu não sei. Aqui fechamos em real, é uma segurança.”