
Agentes da cadeia do trigo aceleraram as vendas em agosto, com o objetivo de liberar espaço nos armazéns antes da entrada da nova safra, segundo relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
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Nas negociações do trigo em grão, a atividade permaneceu limitada. Com os moinhos ainda bem abastecidos, compradores ofertaram valores menores, enquanto vendedores com urgência de escoamento aceitaram preços mais baixos. A proximidade da entrada de maior volume da safra 2025, combinada com boas expectativas de produtividade, câmbio mais favorável e ampla oferta internacional, reforçou a pressão sobre as cotações internas.
A movimentação contribuiu para a queda nos preços dos derivados. O Cepea aponta que, entre julho e agosto, os preços do farelo de trigo a granel caíram 1,3%, enquanto o farelo ensacado permaneceu praticamente estável. No segmento de farinhas, as retrações foram maiores, de 2,6% para massas frescas, 1% para massas em geral, 1,15% para panificação, 0,61% para pré-mistura, 0,41% para bolacha salgada, 0,19% para bolacha doce e leve recuo de 0,06% na farinha integral.
No Paraná, a colheita começou no final de agosto, com os primeiros resultados indicando bom rendimento. Segundo dados do Departamento de Economia Rural do Estado (Deral), até 1º de setembro, 5% da área total havia sido colhida.
Do total das lavouras, 80% estavam em boas condições, 14% em situação média e 6% em condições ruins. A distribuição dos estágios de desenvolvimento apontava 31% das lavouras em maturação, 42% em frutificação, 16% em floração e 12% ainda em desenvolvimento vegetativo.
No Rio Grande do Sul, a maior área produtora do país, o desenvolvimento das lavouras também segue positivo. Relatório da Emater/RS indica que as chuvas da última semana de agosto não causaram danos relevantes, apesar da preocupação com doenças fúngicas em razão do excesso de umidade. Até 28 de agosto, 82% das plantações estavam em desenvolvimento vegetativo, 15% em floração e 3% em enchimento de grãos.
A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra prevê redução de 16,7% na área cultivada, que deve totalizar 2,55 milhões de hectares. No entanto, a produtividade pode aumentar 19%, alcançando 3,07 toneladas por hectare. Com isso, a produção nacional estimada é de 7,81 milhões de toneladas, volume apenas 1% menor que o registrado em 2024.
Ainda segundo a Conab, os estoques de trigo no Brasil ao final de julho somavam 1,38 milhão de toneladas. Considerando a produção estimada e as importações projetadas em 6,2 milhões de toneladas entre agosto de 2025 e julho de 2026, a disponibilidade interna deve atingir 15,39 milhões de toneladas no período, um crescimento de 1,1% frente ao ciclo anterior.
O consumo interno está estimado em 11,83 milhões de toneladas, e as exportações em 2,1 milhões, o que resultaria em um estoque de passagem de 1,46 milhão de toneladas em julho de 2026.
Preços
Em agosto de 2025, o valor médio no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.291,08 por tonelada, queda de 2% em relação a julho e de 12,2% na comparação com agosto de 2024, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). No Paraná, a cotação ficou em R$ 1.433,50 por tonelada, com recuos de 2,9% no mês e 9,4% no ano.
Em São Paulo, o preço médio atingiu R$ 1.431,12 por tonelada, recuo de 4,6% em relação a julho e de 12,6% frente ao mesmo mês do ano anterior. Já em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.432,41 por tonelada, com baixas de 0,6% no comparativo mensal e de 7,6% no anual. O dólar médio, cotado a R$ 5,45 em agosto, apresentou desvalorização de 1,5% frente a julho de 2025.
No comércio exterior, as importações seguiram firmes. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que o Brasil importou 493,23 mil toneladas de trigo em agosto de 2025. Desse total, 94,4% foram provenientes da Argentina e 5,6%, do Paraguai.
O preço médio de importação foi de US$ 231,82 por tonelada, o que equivale a R$ 1.262,52 por tonelada, considerando a taxa de câmbio média do mês. No acumulado de janeiro a agosto de 2025, as compras externas somaram 4,68 milhões de toneladas, volume 2,7% superior ao registrado no mesmo período de 2024.