
Para analistas, doença tende a pesar sobre balanços do intervalo de abril a junho O primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial no Brasil, confirmado em 16 de maio em Montenegro (RS), levou dezenas de países a suspenderem as compras de carne de frango e subprodutos brasileiros. Em maior ou menor proporção, esse impacto deve aparecer nos balanços das empresas do agro no segundo trimestre.
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“Alguma coisa vai acontecer [nos balanços], é difícil fugir disso. Ainda que os exportadores consigam redirecionar a produção, mais de 40% das exportações brasileiras foram alvo de embargo. Um mercado do tamanho da China é difícil redirecionar”, disse Guilherme Palhares, analista do Santander, ao Valor.
Por força de um protocolo firmado entre os dois países, os embarques de carne de frango de todo o Brasil para a China foram suspensos assim que saiu a confirmação da doença.
O governo e as autoridades sanitárias brasileiras buscam regionalização dos embargos que ainda são nacionais, na tentativa de que o bloqueio ao comércio fique restrito ao Rio Grande do Sul, ao município de Montenegro ou ao raio de 10 km no entorno da cidade.
Na gripe aviária, transparência é essencial
Palhares ressalta que a intensidade dos efeitos sobre as empresas de proteína animal vai depender do andamento da doença no país. Para o especialista, a transparência de informações do Ministério da Agricultura na condução do problema é um fator relevante para as relações comerciais.
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Nesse contexto, as companhias mais afetadas seriam justamente algumas das que estiveram em destaque nos resultados do primeiro trimestre: Seara, do grupo JBS, e a BRF, que está em processo de fusão com sua controladora, a Marfrig.
“Na segunda temporada de balanços, podemos esperar queda nas margens [dos frigoríficos de frango] que devem ser compensadas pela carne bovina, mas as próximas semanas podem ser cruciais para essa decisão”, afirmou Gabriel Hartt, analista agro da Terra Investimentos.
Ainda em análise sobre o cenário para o segundo trimestre, Hartt estima que os preços do frango tendem a cair, o que pode atrair a demanda dos consumidores locais para essa proteína. Além disso, as exportações de carne bovina caminham para avançar de maneira expressiva, o que pode encarecer o produto no mercado interno, avalia.
Em contrapartida, o especialista diz que, de forma geral, neste ano, as empresas de agro estão se mostrando muito resilientes aos movimentos do cenário macro, cada uma com uma estratégia diferente.