Preços globais do frango devem subir, afirma ABPA Apesar do protocolo sanitário de alguns países, como a China, prever um bloqueio de 60 dias em casos de gripe aviária nas regiões afetadas, esse prazo pode ser revisto. Se houver satisfação com as informações prestadas e o surto for considerado controlado, os importadores podem antecipar a retomada das compras de carne de frango brasileira, informou ao Valor/Globo Rural Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Enquanto os desdobramentos sanitários ainda se definem, os efeitos nos preços podem aparecer mais rapidamente. Segundo Santin, a expectativa é de alta momentânea nas cotações internacionais, já que o Brasil responde por cerca de 40% do market share global. Já no mercado interno, o impacto pode ser o oposto: com a capacidade de estocagem das empresas e casos pontuais de suspensão, os preços podem recuar, ainda que de forma localizada.

“Com o redirecionamento da produção entre plantas e o rearranjo logístico, parte das exportações pode ser mantida, mesmo com o bloqueio de algumas unidades. Na segunda-feira, o Brasil deve receber novos comunicados de países importadores solicitando informações adicionais sobre o controle da doença”, acrescentou.

Bloqueios regionais
A regionalização das restrições também é uma possibilidade, caso os importadores considerem as evidências apresentadas pelo Brasil como suficientes para isolar o problema. “Cada país tomará decisões com base em suas próprias avaliações sanitárias. O Japão, por exemplo, já definiu que não aceitará cargas apenas da região de Montenegro [cidade afetada pelo foco de gripe aviária]”, afirmou Santin.

A maioria das zonas de produção segue um protocolo de raio de 10 quilômetros em torno dos focos identificados, conforme orientação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Fora dessas áreas, a produção segue considerada segura, e o surto está contido. Essa política de restrições diferentes para cada destino e a rapidez das respostas brasileiras impedem, neste momento, que o setor calcule os prejuízos com exatidão.

Para efeito de comparação, os Estados Unidos exportaram 3,3 milhões de toneladas de carne de frango no ano passado, mesmo com episódios de gripe aviária registrados em diversos estados.

A doença, vale ressaltar, não é transmitida pela carne ou pelo consumo de produtos avícolas — a preocupação dos mercados está ligada à segurança sanitária e ao cumprimento de protocolos internacionais.

“Países importadores exigem que os produtos venham de áreas livres de influência aviária, conforme declarado nos certificados sanitários. Como o Brasil perdeu temporariamente o status de país livre, não pode emitir esses certificados para determinadas regiões — como o município de Montenegro (RS), onde houve a ocorrência”, explica Santin.
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Prazo de desinfecção
No entanto, a expectativa é que o país possa recuperar o status sanitário entre 30 e 40 dias após a conclusão dos trabalhos de desinfecção — prazo considerado médio para esse tipo de situação.

A região afetada já passou por um processo de isolamento, com barreiras nos acessos, mapeamento de propriedades, eliminação de ovos incubáveis e preparação para a desinfecção em ciclos. Todo o trabalho é supervisionado pelo Ministério da Agricultura e pelo Departamento de Sanidade Animal.

A repopulação das granjas deverá ocorrer somente após a troca de equipamentos e a realização de novos testes.