O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, afirmou, nesta segunda-feira (28/7) que o governo brasileiro negocia uma saída para o tarifaço dos Estados Unidos, que entrará em vigor na próxima sexta-feira (1/8). Ao mesmo tempo, busca ampliar mercados para dar vazão aos produtos que, eventualmente, deixem de ser exportados aos americanos.
Empresa de bioinsumos vê exportação travada com tarifaço dos EUA
Agro brasileiro vê impacto de US$ 5,8 bilhões com tarifaço
Quebra de patentes pode virar “arma” na negociação Brasil-EUA
Exportadores de mel esperam que alimentos fiquem fora de tarifaço
Ele participou de reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Federação da Indústria de São Paulo (Fiesp). E admitiu que negociar com o governo Trump está difícil. Entre os setores do agronegócio que podem ser mais atingidos pelo tarifaço, estão café, suco de laranja e carne bovina.
“Ouvindo o setor produtivo, temos trabalhado com duas abordagens. Uma delas é a negociação, que vocês têm acompanhado as dificuldades. A outra é a ampliação e diversificação de mercados”, afirmou, de acordo com o divulgado pelo Ministério da Agricultura.
O secretário destacou a importância da união do setor produtivo com o poder público neste momento. Indicou que o Ministério está aberto a receber sugestões de “reordenamento de rotas”, para “continuar buscando uma solução minimamente favorável”.
“Desde 2023, foram abertos 397 novos mercados para produtos do Brasil. Conseguimos também mais de 200 ampliações de mercados já existentes”, afirmou o secretário Luís Rua. Segundo ele, cerca de um terço das exportações do agro é destinado aos EUA.
Plano Safra 25/26
No mesmo encontro, na sede da Fiesp, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos, admitiu que o Plano Safra 25/26 é o “possível” e não o “ideal”. Afirmou que a taxa básica de juros em 15% ao ano comprometeu a estrutura da política de crédito rural para o atual ciclo.
“Plano Safra com Selic a 15% é surreal, todo mundo que tem negócio sente na pele. Os recursos do Tesouro são limitados e disputados”, afirmou Campos, na reunião, acordo com o divulgado pela Fiesp.
Plano Safra deveria acompanhar o ano civil, afirma ex-secretário de Política Agrícola
BNDES já aprovou R$ 5,3 bilhões em crédito do Plano Safra
Plano Safra 25/26: governo autoriza pagamento de equalização a 25 instituições financeiras
O Plano Safra da agricultura empresarial foi anunciado com R$ 516,2 bilhões e juros entre 8,5% e 14% ao ano. O secretário explicou aos empresários paulistas que a alta da Selic pressionou os juros oferecidos ao produtor e exigiu priorização no uso dos recursos. Do total anunciado, R$ 415 bilhões foram destinados ao custeio e à comercialização, enquanto R$ 101 bilhões vão para investimentos.
“Este ano, os juros aumentaram. Mas, se alguém oferecer um recurso mais barato do que esse do Plano Safra, pegue, porque é um bom negócio. Dificilmente haverá recurso desse nível mais barato”, acrescentou, conforme o Ministério da Agricultura.
Questionado, ele ressaltou que os recursos subvencionados pelo Tesouro Nacional passaram de R$ 92 bilhões para R$ 113 bilhões — alta de mais de 20%. “O que precisa ser observado é onde o governo de fato participa. O aumento dos recursos equalizados é expressivo e revela esforço público para garantir crédito com condições acessíveis aos produtores”, afirmou.
Subvenção do seguro rural para a soja levará em conta boas práticas no campo
MDA nega fusão de Proagro e seguro rural
O secretário ouviu cobranças de uma solução para o seguro rural. O ex-ministro da Agricultura e conselheiro do Cosag, Roberto Rodrigues, destacou a urgência de políticas mais robustas. “O seguro rural é um tema permanente de preocupação do setor”, alertou.
Segundo relatos de quem participou da reunião, o secretário Guilherme Campos voltou a comentar a elaboração de uma proposta de novo modelo para o seguro, de integração com o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), com previsão de anúncio ainda em 2025.