A Boa Safra Sementes, uma das maiores produtoras de sementes de soja do país, encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 24,8 milhões, um resultado 37% maior do que o do mesmo intervalo do ano passado. Já a carteira de pedidos de sementes de soja aumentou 43% na mesma base de comparação e chegou a R$ 1,6 bilhão, um recorde. A carteira de pedidos de outras culturas e serviços (milho, trigo, forrageiras, feijão e sorgo) cresceu 48,6% no segundo trimestre para R$ 52 milhões.
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Na avaliação da empresa, o forte aumento da carteira de pedidos deveu-se à decisão da companhia de tirar o pé de grandes redes de varejo de insumos, como Agrogalaxy e Lavoro, e concentrar as vendas nas pequenas e médias revendas. “Se todos os pedidos se concretizarem, vamos ter o terceiro e o quarto trimestres muito robustos”, afirmou Marino Colpo, cofundador e principal executivo da Boa Safra.
Segundo ele, a empresa tem ampliado a presença em pequenas e médias revendas em todo o país. “No ano passado, a gente positivou 697 lojas. Temos feito mais de mil visitas por mês”, declarou.
O diretor financeiro Felipe Marques disse, sem citar números, que a empresa ainda não negociou todo o volume de sementes para a safra 2025/26. Assim, as vendas devem superar o que a companhia tem em carteira até agora. “Historicamente, a gente acaba faturando mais do que a carteira de pedidos do primeiro semestre”, afirmou.
As provisões da empresa para cobrir eventuais perdas com devedores deram um salto no segundo trimestre, quando foram de R$ 14,5 milhões; um ano antes, elas somaram R$ 784 mil. Marques disse que a Boa Safra adotou política de provisionamento mais conservadora , mas espera fechar o ano com inadimplência baixa.
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No segundo trimestre, a empresa teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 19,1 milhões. O resultado foi 10% maior do que o do segundo trimestre de 2024.
A Boa Safra operou com plena capacidade entre abril e junho, registrando o processamento de 280 mil big bags, ou 36,6% a mais do que no mesmo intervalo do ano anterior. A receita líquida operacional de vendas cresceu 42,9% no segundo trimestre, para R$ 125,1 milhões, e os custos de vendas subiram 39%, para R$ 77,9 milhões.
A Boa Safra encerrou o ano de 2024 com participação no segmento de sementes de soja próxima de 8% no Brasil, segundo Marino Colpo. Nas outras culturas, a participação ficou entre 1% e 2%. “A gente ainda tem uma larga avenida de crescimento orgânico pela frente”, disse ele.
Sobre o anúncio da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), de contratação de um estudo para apurar possíveis práticas anticoncorrenciais pela companhia, o executivo disse ter achado a acusação vazia. “Neste ano, a gente está crescendo, mas está muito longe de ter domínio de mercado. Para uma empresa listada na bolsa, que tem uma carteira grande, uma acusação dessas é muito ruim”, lamentou.
Os estoques da companhia cresceram 33,9%, para R$ 1,1 bilhão. Os adiantamentos a fornecedores, principalmente pagamento de royalties, aumentaram 3,5%, para R$ 533,6 milhões, e os adiantamentos de clientes subiram 180,5%, para R$ 339 milhões.