
Segunda maior produtora de etanol de milho do Brasil, a FS decidiu retomar seu plano de crescimento no país após três anos. A companhia anunciou nesta quinta-feira (24/7) um investimento de R$ 2 bilhões para construir sua quarta indústria do biocombustível, desta vez em Campo Novo do Parecis (MT).
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A retomada do plano de expansão ocorre após a FS lidar com um aperto financeiro nas últimas duas safras, marcadas pela alta de seu endividamento decorrente dos seus primeiros investimentos, em um ambiente de redução de geração de caixa.
Na temporada 2023/24, a empresa chegou a uma alavancagem (dívida líquida sobre Ebitda) de 6,34 vezes. No fim do primeiro trimestre do ciclo seguinte, estava em 7,39 vezes. Já no fim da safra 2024/25, essa relação caiu para 2,52 vezes, graças à recuperação dos preços do etanol e aumento das vendas.
Com as finanças mais equilibradas e uma perspectiva de aumento da demanda, assegurada pelo aumento da mistura de etanol anidro à gasolina, a companhia entendeu que era a hora de retirar seus planos de crescimento da gaveta.
As obras começaram em junho e deverão ser concluídas em dezembro de 2026. A nova unidade terá capacidade para produzir, anualmente, 540 milhões de litros de etanol, 350 mil toneladas de DDG e DDGS, coprodutos para nutrição animal, 69 mil toneladas de óleo de milho e 56 mil megawatts-hora (MWh) de energia.
Segundo o CEO da FS, Rafael Abud, “a decisão pelo investimento na planta de Campo Novo do Parecis foi potencializada pela aprovação do projeto Combustível do Futuro, que resultou no E30 e, em breve, permitirá o E35”. A nova mistura de 30% do etanol anidro na gasolina passará a valer a partir de 1º de agosto. Atualmente, a proporção é de 27%.
Seu perfil de crédito, porém, ainda não a permite ter acesso às linhas mais baratas. Em sua última revisão de rating, no último dia 1º de julho, a agência Moody’s reafirmou a nota ‘AA-.br’ na escala nacional e ‘Ba3’ na escala global, mas com perspectiva negativa, dado o ambiente macroeconômico, com “inflação persistente e taxas de juros elevadas”.
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Na avaliação da Moody’s, apesar da desalavancagem, a FS ainda tem um nível de cobertura de juros “pressionado”, e “novas captações no mercado doméstico estarão sujeitas a um custo de dívida mais elevado”. A cobertura de juros (Ebit menos despesa com juros) na safra passada ficou em 1,7 vez — em geral, considera-se no mercado que a empresa tem ganhos suficientes para cobrir as despesas com juros quando esse indicador está acima de 2 vezes.
Com a construção da nova unidade, o valor do investimento aumentará significativamente as despesas de capital da FS nesta safra. Na temporada passada, a companhia desembolsou R$ 370,9 milhões de capex de expansão, referente a pequenas melhorias de capacidade das usinas já existentes. Com esses gastos, a companhia teve um fluxo de caixa operacional líquido de capex de R$ 1,32 bilhão.
Procurada sobre como financiará o investimento e quanto espera de retorno, a empresa não retornou.
O plano de crescimento da FS contempla ainda uma quinta unidade em Querência (MT), onde a empresa já iniciou trabalhos de preparação, como terraplanagem e infraestrutura básica.