Projeto, feito em parceria com a finlandesa Enifer, tem um investimento previsto de R$ 20 milhões e foi eleito para receber um subsídio de R$ 9,8 milhões da Finep A FS, uma das maiores produtoras de etanol de milho do país, está construindo uma planta-piloto anexa a sua usina em Lucas do Rio Verde (MT) para testar a produção do pekilo, um ingrediente de nutrição animal à base de um fungo patenteado pela empresa finlandesa Enifer. A unidade deverá utilizar como substrato para cultivo do fungo resíduos da produção de etanol, como a vinhaça e o xarope.
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O projeto, feito em parceria entre as duas empresas, tem um investimento previsto de R$ 20 milhões e foi eleito para receber um subsídio de R$ 9,8 milhões da Finep, concedida dentro do edital Mais Inovação Brasil, com contrapartida da FS.
O uso dos resíduos industriais da companhia na fermentação do pekilo já foi testado em laboratório, e a nova planta permitirá que os testes sejam agora realizados em escala industrial. A previsão é que a unidade comece a operar em junho de 2026.
A fermentação do pekilo em laboratório resultou em um composto com concentração de mais de 60% de proteína, o que poderia atender a mercados de nicho de nutrição animal, como a aqualcultura, pintinhos e pets.
Segundo Daniel Lopes, vice-presidente de novos negócios e sustentabilidade da FS, os testes na planta-piloto permitirão que as duas companhias trabalhem na especificação do produto, na produtividade e em outros detalhes técnicos que lhes permitirão posicionar o pekilo perante os clientes em potencial.
“Ainda vamos aprender mais com base na especificação técnica para saber com quem [o pekilo] vai competir. Ainda temos um nível de incerteza. Mas vemos o pekilo competindo com produtos de alto valor proteico e nutricional, como a proteína de inseto”, afirmou o executivo.
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Na aquacultura, o ingrediente nutricional dominante é a farinha de peixe, enquanto um nicho desse mercado, mais preocupado com sustentabilidade, consome as chamadas “superproteínas”, como proteína de inseto e proteínas bacterianas — com os quais o pekilo talvez consiga competir.
A definição do resultado final do produto também permitirá que a FS e a Enifer definam quais serão as bases da parceria comercial que será desenvolvida para produzir e vender o pekilo.
Para a cultura de fermentação do pekilo, a FS utilizará a vinhaça “fina”, um resíduo líquido rico em matéria orgânica e sólidos. Poderão ser testados tanto a vinhaça “pura” como o xarope. Para produzir esse xarope, a FS submete a vinhaça a um processo de concentração térmica para a retirada de boa parte da água.
A planta piloto deverá consumir cerca de 5% da vinhaça produzida atualmente na usina de Lucas do Rio Verde. Se o projeto evoluir para escala industrial, o consumo pode chegar a aproximadamente 50% de toda a vinhaça gerada no processo da unidade.