A americana FMC, uma das maiores empresas de defensivos agrícolas do mundo, está investindo mais de R$ 50 milhões no Brasil neste ano para ampliar sua presença no campo. Os recursos têm servido principalmente para a contratação de equipes especializadas que vão atuar diretamente no apoio a produtores, cooperativas e distribuidores.
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“A decisão de fazer do Brasil uma presidência autônoma, que se reporta diretamente à liderança global, é uma demonstração clara de como o país é valorizado dentro da companhia”, disse o presidente global da FMC, Ronaldo Pereira, ao Valor. Antes da mudança da estrutura organizacional, que passou a vigorar neste ano, a operação brasileira fazia parte da estrutura da empresa na América Latina.
No fim de 2023, conta o executivo, a FMC deu início a uma ampla reestruturação global para se ajustar ao “efeito ressaca” que se estabeleceu durante e após a pandemia, quando a demanda teve um forte crescimento. “Durante a crise, houve um movimento de compra [de insumos] por medo [dos produtores] de que faltasse produto. Isso deixou o estoque alto e mais caro. Ele precisou ser ajustado depois, quando os preços e o ritmo de vendas caíram”, afirmou.
Na reestruturação, o Brasil e também outros mercados adotaram uma estratégia que priorizou aceleração da redução de estoques e a venda de tecnologias de valor agregado mais alto. “No primeiro trimestre deste ano, vendemos cerca de US$ 100 milhões no Brasil e aplicamos [defensivos com valor equivalente] entre US$ 300 milhões e US$ 350 milhões. Isso reduziu a pressão sobre a cadeia e melhorou a qualidade do nosso negócio”, disse.
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A companhia planeja investir cerca de US$ 300 milhões em pesquisa e desenvolvimento em 2025, especialmente em produtos biológicos e novas moléculas. Herbicidas e feromônios são tecnologias na programação de lançamento. Em ambos os casos, o Brasil foi o primeiro país do mundo a receber os produtos.
“O Brasil participa do desenvolvimento de novas moléculas desde os estágios iniciais. É um país ávido por tecnologia, que atua em conjunto com nosso time global de pesquisa e desenvolvimento”, disse. O executivo mencionou a Academia de Ciências, iniciativa que a FMC criou no centro de inovação que mantém em Paulínia (SP).
Com o impulso que espera ter com as novas tecnologias, a companhia projeta um crescimento robusto até 2027, quando prevê faturar mais de US$ 5 bilhões no mundo. “Nós não esperamos crescimento do que se pode chamar de ‘núcleo tradicional’ do nosso negócio, porque as margens estão mais espremidas (…) O portfólio tradicional cresce com o mercado, cerca de 2% ao ano. O salto virá da inovação”, disse. “Trabalhamos com soluções químicas, biológicas e digitais. O biológico não concorre com o químico. São ferramentas complementares, escolhidas com base na necessidade agronômica”, acrescentou.
A companhia também tem ampliado sua presença digital, por meio de uma plataforma que usa dados meteorológicos e sensores de campo para monitorar e prever o ataque de pragas. A tecnologia, que já cobre 7 milhões de hectares no Brasil, faz alertas antecipados ao produtor sobre o momento ideal para o controle de pragas.
Pereira disse, que na safra atual, o produtor brasileiro ainda se mostra cauteloso, mas que as decisões de compra de insumos estão mais adiantadas do que em 2024/25. “A colheita de milho ajuda a destravar crédito, e a proximidade do plantio da soja deve acelerar os negócios”, comentou.