
Mais da metade das amostras de café torrado e moído analisadas em compras públicas no Paraná apresentou fraude por excesso de matérias estranhas e impurezas acima do limite legal desde 2022, segundo dados da Anffa Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários).
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As irregularidades foram identificadas a partir de análises laboratoriais realizadas em produtos adquiridos por órgãos públicos. Desde a entrada em vigor da Portaria SDA nº 570, em 2022, foram realizadas no Estado 186 coletas de amostras de café, com 168 laudos concluídos. Do total, 89 amostras — o equivalente a 53% — foram desclassificadas. Em alguns casos, o teor de impurezas ultrapassou em mais de 20 vezes o limite permitido pela legislação.
Em 2025, auditores fiscais federais agropecuários apreenderam cerca de 40 toneladas de café irregular no Paraná, volume equivalente a aproximadamente 80 mil pacotes de 500 gramas.
As compras públicas envolvem, em geral, produtos com circulação restrita ao ambiente institucional ou destinados a estabelecimentos próprios, o que dificulta a identificação dessas irregularidades no mercado, informou a Anffa Sindical em nota.
A operação incluiu o levantamento de órgãos que haviam adquirido recentemente café torrado e moído, a coleta de amostras para análise laboratorial e a apreensão cautelar de marcas com histórico de irregularidades.
De acordo com a Anffa, a fraude é caracterizada quando a análise laboratorial aponta teor de matérias estranhas e impurezas superior a 1%. Nessas impurezas e nos grãos defeituosos concentram-se contaminantes, especialmente fungos capazes de produzir resíduos tóxicos.
Segundo o presidente da Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo, “a fiscalização atua para garantir que um produto de consumo diário pela população esteja em conformidade com os padrões oficiais de qualidade”.
O aumento das irregularidades identificadas em 2025 está relacionado à intensificação das ações fiscais sobre o café torrado e moído após a entrada em vigor da Portaria SDA nº 570, segundo o sindicato. As fiscalizações têm evidenciado o uso de matéria-prima de baixa qualidade, com grãos defeituosos e presença de impurezas como cascas, palhas e fragmentos de galhos.






