As incertezas causadas pela sobretaxa dos EUA a produtos brasileiros, que desencadearam um rearranjo nas exportações de carne bovina do Brasil, não atrapalharam os planos da Fazenda Conforto, um dos maiores confinamentos de gado do país. A expectativa do CEO, Sergio Pellizzer, é faturar R$ 1,2 bilhão em 2025 ou mais, avanço de até 20% comparado ao ano passado.
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Depois de passar os últimos dois anos investindo cerca de R$ 250 milhões na fazenda, Pellizzer espera aproveitar ao máximo a eficiência das operações, o momento de firme demanda por carne. Além disso, ele acredita que o valor da arroba tende a se recuperar em breve.
“O mercado é soberano. A queda da arroba, influenciada por fatores como o discurso do (Donald) Trump, tende a se normalizar devido à escassez de produto”, afirma o executivo.
Com o anúncio da taxação de 50% à carne bovina brasileira, frigoríficos interromperam negociações e a produção da carne que seria enviada aos Estados Unidos, e têm buscado outros mercados para redirecionar as vendas. Vietnã, China, Irã e Egito são algumas das opções.
“A demanda permanece, estamos em um ciclo pecuário de baixa, como já ocorreu em outros momentos. Acredito que esse cenário é passageiro, trata-se de um período curto de preços baixos, que devem voltar a subir em seguida”, acrescenta, sobre o mercado pecuário. Atualmente, os preços da tonelada de carne exportada recuaram, pressionando o valor do boi.
Sergio Pellizzer é CEO da Fazenda Conforto
Divulgação
Na Conforto, o CEO lembra que o Cerrado brasileiro viveu em dois anos a maior crise hídrica dos últimos 20 anos. “Impactou muito as nossas operações e, mesmo assim, a Conforto nunca investiu tanto quanto nesse período”, afirma.
Os recursos foram aplicados em melhorias como três novos silos para armazenagem, aquisição de uma fazenda para originação do gado, construção de mais currais, uma nova fábrica de ração e estações de tratamento de água, pois, segundo Pellizzer, “o boi que bebe água saudável come mais e produz mais carne”.
Agora, o confinamento colhe os frutos da otimização de processos operacionais e projeta crescimento de 15% a 20% nos resultados de 2025.
“Com os investimentos que a Conforto já fez nos últimos dois anos, estamos prontos para operar na capacidade máxima de produção, dependendo da necessidade do mercado”, destacou.
Em geral, o grupo confina cerca de 170 mil cabeças de gado por ano e passou a ter potencial para operar com 200 mil cabeças.
Sergio Pellizzer se mantém otimista também por ver um cenário ainda positivo para a pecuária. As exportações de carne bovina do Brasil vinham em patamar recorde, mesmo com uma desaceleração de compras dos EUA nos últimos meses, e todo o gado produzido na Conforto vai para o mercado externo.
“Vejo um ano histórico para o Brasil, temos problema de ciclo pecuário na Austrália, nos Estados Unidos, estamos na iminência de começar a vender para Japão e Coreia do Sul, e vemos alta para a arroba bovina aqui”, avalia.
Investimentos
Diante desse cenário e das melhorias já realizadas na Fazenda Conforto, Pellizzer diz que o próximo objetivo é investir em tecnologia e pessoal. O valor estimado é de R$ 10 milhões em recursos. “Automatização, criação de novos softwares de gerenciamento, estratégias que ajudem a manter nosso grande foco contra desperdício”, exemplifica.
Uma das técnicas já implantadas é um aplicativo de compra de gado, chamado Probov, considerado fundamental para a rastreabilidade. Além das funções comerciais, o aplicativo tem indicações de manejo e indica quando há alguma inconformidade no Cadastro Ambiental Rural (CAR) do usuário.
Para o CEO, a capacidade de mapeamento de fornecedores é um dos diferenciais da Conforto. “Temos 100% de rastreabilidade no confinamento e da recria também. Vejo muita oportunidade e, tendo essa questão da rastreabilidade, em um curto espaço de tempo o consumidor vai querer saber de que fazenda a carne veio”, afirma.