
A comunidade Jacaré, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, vive um cenário de abandono e medo após a ação violenta de uma facção criminosa de origem carioca. Cerca de 30 famílias foram obrigadas a deixar suas casas nos últimos dias após o grupo criminoso tomar o controle da região. A rua principal da comunidade está deserta, com casas fechadas, outras destelhadas, portas arrombadas e móveis deixados para trás em uma fuga desesperada. Quem foi embora saiu às pressas e deixou tudo para trás. Geladeira, colchão, armário, até um gatinho.
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A expulsão foi imposta com violência. Na última semana, duas pessoas foram executadas por não acatarem a ordem de despejo. Na segunda-feira da semana passada, um homem foi morto a tiros de madrugada enquanto dormia. Três dias depois, na quinta-feira, um idoso de 65 anos foi executado dentro de casa. A guerra entre facções fez com que até os vizinhos das vítimas abandonassem suas residências, e os comércios locais fecharam as portas.
As marcas do abandono estão por toda parte: roupas ainda estendidas no varal, portas abertas, imóveis à venda e o portão de um condomínio que antes oferecia segurança agora escancarado.
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A comunidade está localizada às margens da CE-060, onde o conflito entre grupos criminosos se intensificou. A facção que controla o tráfico de um lado da CE avançou sob o outro, indicando a disputa territorial que motivou a onda de violência. No fim da gravação da reportagem da equipe da TV Cidade, que esteve no local, uma das últimas famílias que ainda resistiam foi vista deixando o local. Trata-se justamente da família do homem assassinado na segunda-feira. Mesmo com a presença da Polícia Militar, que estava no local em carros e motos, os familiares preferiram não gravar entrevista.
Tentativas de contato com a Polícia Militar foram feitas, mas a corporação optou por se manifestar apenas por nota. “O policiamento em Pacatuba e na Região Metropolitana de Fortaleza é de responsabilidade do 24º Batalhão, feito com policiamento ostensivo geral, força tática e moto patrulhamento, e reforçado com o CP-Choque e CP-Raio”, informou o comunicado.
Apesar disso, a sensação de insegurança persiste entre os poucos que ainda permanecem na comunidade. A ausência de ações concretas de proteção e a escalada da violência reforçam o sentimento de abandono por parte das autoridades. Enquanto isso, ruas inteiras se transformam em retratos do medo, do silêncio e da presença dominante do crime organizado.
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