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“A bola está com o governo brasileiro, que precisa entender e negociar a isenção do café isoladamente. Muito melhor conseguir avanços paulatinos do que deixar tudo travado por querer negociar o todo e não evoluir em nada”, argumenta o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, em relatório, ao comentar os impactos do tarifaço no comércio com os Estados Unidos.
Nesta sexta-feira (14/11), o representante americano de Comércio, Jamieson Greer, disse que o governo está pronto para cumprir a promessa de isentar de tarifas alguns alimentos que o país não produz. O café estaria na lista. O próprio Donald Trump sinalizou a possibilidade de, pelo menos, reduzir a tarifa sobre o produto, o que levou o preço a cair na bolsa de Nova York.
A Casa Branca incluiu o café na seção 3 da ordem executiva que estabelece as tarifas. A retirada das taxas de importação dependeria, nesse caso, um acordo bilateral, embora o governo americano reconheça que se trata de um recurso natural não produzido no país. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) defende que o produto passe para a seção 2, o que liberaria a importação com tarifa zero.
Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu, em Washington com o secretário de Estado, Marco Rubio. Vieira disse que Rubio acenou com a possibilidade de um acordo provisório em relação ao tarifaço, que serviria como referência para se chegar a um consenso dentro de um período de três meses.
O presidente do Cecafé, Marcio Ferreira, afirma compreender a postura do governo brasileiro, de negociar um prazo. Pontua, no entanto, que esse período 90 dias não pode ser aplicado ao café, em função das perdas enfrentadas pelos exportadores do Brasil e da alta nos preços do produto para o consumidor dos Estados Unidos.
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Os americanos são os maiores compradores mundiais de café e tem nos brasileiros seus principais fornecedores. Dos 24 milhões de sacas de 60 quilos que compraram no ano passado, 8,1 milhões saíram do Brasil. Cálculos da National Coffee Association (NCA), que reúne importadores e torrefadores americanos, apontam que o produto responde por pelo menos 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Desde o início do tarifaço de 50%, em agosto, até outubro, as remessas de café do Brasil para os Estados Unidos somaram 983,970 mil sacas de 60 quilos, queda de 51,5% em comparação com o mesmo intervalo em 2024, quando foram 2,03 milhões de sacas.
“Nossa expectativa é de haja uma redução da tarifa para 10% ou até mesmo zero. A gente espera do governo uma ação efetiva e direta, que não seria uma prorrogação e sim um efetivo cancelamento das tarifas que foram aplicadas”, diz Ferreira.
O diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo Lima, tem pensamento semelhante. Até o tarifaço, os Estados Unidos eram o principal destino do produto, posição que passou a ser ocupada pela Rússia. A queda nos embarques do segmento para os americanos passa dos 50%, em linha com o desempenho no geral.
“Estamos com muita expectativa e, evidentemente, muito preocupados. Estamos de acordo que seja negociado produto a produto, pela facilidade das negociações. Os Estados Unidos dependem do nosso fornecimento e isso nos traz uma unidade de entendimento de que deve ser de produto a produto”, diz ele.





