
A demora na implementação das medidas anunciadas pelo governo federal para amenizar os efeitos do tarifaço americano tem gerado apreensão e mais custos aos produtores e exportadores de mel orgânico do Brasil.
O Grupo Sama, um dos maiores produtores do país, avaliou que a situação atual é semelhante à registrada no início de agosto, quando as tarifas de 50% dos Estados Unidos passaram a vigorar sobre os produtos nacionais. De lá pra cá, o cenário se agravou por conta do aumento de custos e da perda do poder de negociação com clientes americanos, disse a empresa, em nota.
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“Não podemos perder espaço no mercado americano, e tampouco deixar de cumprir os contratos junto aos clientes. Mas onde está a ajuda do governo? Até agora nada aconteceu na prática”, afirmou Samuel Araújo, CEO do Grupo Sama, do Piauí, dono das marcas Samel e Lamberhoney, distribuídas em todo território nacional.
O executivo diz que a restituição e ressarcimento dos créditos tributários, sinalizada pelo governo federal para empresas exportadoras afetadas pelo tarifaço cujas vendas representassem pelo menos 5% do faturamento total, ainda não avançou.
Entre as medidas anunciadas pelo governo, está a linha de crédito de R$ 30 bilhões para exportadores, prorrogação do regime de drawback por um ano (para comprovação da exportação de produtos fabricados a partir de insumos importados ou adquiridos no Brasil com suspensão tributária) e compras governamentais de produtos que deixarão de ser enviados aos EUA, entre eles o mel.
Araújo cobrou também a liberação de linha de crédito para a comercialização, o que pode ajudar os negócios a fluir. “Se não nos organizarmos para manter as vendas aos EUA, a produção de mel orgânico brasileira estará liquidada”, alertou. A falta de informações e o excesso de burocracia para acessar as medidas anunciadas pelo governo deixam o setor “mais inseguro”, disse o CEO.
Na nota, o Grupo Sama diz que segue em negociações com os clientes americanos, que tem realizado alguns embarques, mas apenas pontuais. “Os clientes seguem travados, e enquanto isso, mantivemos as compras de mel junto aos apicultores, inclusive pagando mais pelo produto, devido à redução da produção”, explicou.
Os clientes americanos têm proposto a compra do mel a preços menores do que os praticados antes do tarifaço. Em contrapartida, não houve redução de preço no campo por conta da baixa produção de mel. “É uma situação de forte pressão sobre a nossa atividade”, concluiu Araújo, na nota.
O Grupo Sama é o maior produtor e exportador de mel do Brasil e líder na produção de mel orgânico na América do Sul. A cadeia produtiva envolve milhares de apicultores nos principais Estados produtores do país.
Crédito a exportadores
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que aprovou a liberação de R$ 1,2 bilhão em crédito com recursos do Plano Brasil Soberano para empresas afetadas pelas medidas tarifárias impostas pelo governo dos Estados Unidos. Foram realizadas 75 operações na linha de capital de giro.
Desde a abertura do protocolo, o BNDES recebeu R$ 3,1 bilhões em pedidos de crédito. Desses, R$ 1,9 bilhão estão em análise, sendo R$ 1,7 bilhão referentes à linha Giro Diversificação, voltada para a busca de novos mercados.
As aprovações atenderam a empresas dos setores da indústria de transformação (84,1%), da agropecuária (6,1%), comércio e serviços (5,7%) e indústria extrativa (4,2%).






