Temperatura, taça e escolha de uva fazem parte de detalhes que ajudam a apreciar melhor a bebida Em 2022, o consumo mundial de vinho foi estimado em cerca de 232 milhões de hectolitros, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), confirmando o papel importante da bebida na cultura e no mercado global. Embora seja um hábito social, apreciar o vinho pode se tornar uma experiência mais rica com alguns cuidados simples.
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Em entrevista à Globo Rural, os enólogos Edegar Scortegagna e Vagner de Vargas Marchi, ⁠diretor técnico em Enologia da Associação Brasileira de Enologia (ABE), explicam como detalhes como temperatura, taça ou até mesmo a leitura do rótulo podem fazer diferença na hora de degustar.
Temperatura certa
Um dos principais erros, segundo os enólogos, é servir o vinho na temperatura errada. A ideia de “temperatura ambiente”, comum para os tintos, pode enganar — especialmente em países quentes como o Brasil.
“Quanto mais gelado, menos sabor e aroma se percebe. Já se estiver quente demais, o álcool se sobressai e desequilibra o vinho”, explica Marchi.
A recomendação é:
Espumantes: 4–8 °C
Brancos: 8–12 °C
Rosés: 10–14 °C
Tintos: 16–18 °C
Essas faixas ajudam a realçar os aromas, o frescor e a estrutura do vinho, sem mascarar suas características.
A taça ideal ajuda (mas não é obrigatória)
Os especialistas afirmam que a escolha da taça interfere na experiência, mas não deve se tornar uma barreira. “Se a situação é informal, vale até copo, o importante é o prazer. Mas, se possível, usar a taça certa ajuda: menor para brancos e espumantes, e maior, com bojo largo, para tintos.”
Segurar pela haste ou pelo pé é mais do que etiqueta. De acordo com Vagner, segurar pelo bojo aquece o vinho, interferindo no aroma e na temperatura adequada.
Escolha da taça interfere na experiência, mas não deve se tornar uma barreira
Divulgação
Uvas mais amigáveis para quem está começando
Para quem não tem tanta familiaridade com o tema, os especialistas sugerem escolher uvas mais “confiáveis”, que costumam agradar com facilidade. Edegar destaca algumas opções amigáveis para iniciantes:
Malbec: tinto macio, frutado e fácil de gostar.
Merlot: mais suave, com taninos leves.
Chardonnay: branco encorpado, bom para quem prefere vinhos mais ‘redondos’.
Moscato: branco ou espumante levemente doce, ótimo para quem está começando.
Espumantes: vale começar por um Moscatel mais doce e, aos poucos, migrar para o Brut.
Existe uma forma técnica de degustar?
Os especialistas afirmam que sim; no entanto, ela não precisa transformar o momento em algo rígido. Para quem quer aprender mais, os enólogos sugerem três etapas simples:
Visual: observar a cor, brilho e limpidez. No caso dos espumantes, reparar nas borbulhas (também chamadas de perlage).
Olfativa: sentir os aromas com calma. Rodar a taça ajuda a liberar compostos voláteis que revelam mais nuances.
Gustativa: perceber o equilíbrio entre acidez, tanino, doçura e álcool. E, claro, observar o corpo do vinho — mais leve ou mais intenso.
“É como aprender um novo idioma. Quanto mais você pratica, mais entende o que está saboreando”, diz Marchi.
Harmonização com pratos
Uma das dicas mais úteis na hora de combinar vinho e comida é pensar no peso dos dois. “Pratos leves combinam com vinhos leves; pratos intensos, com vinhos encorpados”, afirma Marchi. Um exemplo clássico: salada com um vinho branco leve; churrasco com tinto estruturado.
Além disso, vinhos com acidez combinam bem com comidas ácidas, como ceviche ou pratos asiáticos. Já comidas muito picantes pedem vinhos menos alcoólicos. “Álcool em excesso acentua a ardência da pimenta”, alerta o enólogo.