O ex-policial militar Antônio José de Abreu Vidal Filho, condenado a 275 anos de prisão pela Chacina do Curió, em Fortaleza, foi sentenciado a 16 meses de prisão nos Estados Unidos pelo crime de perjúrio após omitir das autoridades de imigração do país seu envolvimento na chacina que deixou 11 mortos na capital cearense.
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A sentença foi proferida no último dia 29 de maio, pela Corte Federal do Distrito de Massachusetts, em Boston. A condenação é resultado das mentiras do ex-policial ao solicitar visto de turista e, posteriormente, asilo nos EUA, onde negou falsamente ter sido preso ou processado no Brasil. Ele mora no país desde 2018, quando fugiu antes de ser julgado pelas mortes.
Após cumprir a pena nos EUA, Antônio José pode ser deportado para o Brasil, onde deve começar a cumprir a sentença referente à Chacina do Curió, que deixou 11 mortos em novembro de 2015, a maioria jovens entre 16 e 18 anos, sem antecedentes criminais.
Como o ex-PM foi parar nos EUA?
Em maio de 2017, Antônio José foi solto no Brasil para responder ao processo em liberdade. Em junho do mesmo ano, ele solicitou visto americano no consulado dos EUA, no Recife, e, durante a entrevista, mentiu ao dizer que nunca havia sido preso ou denunciado por algum crime. O visto do ex-PM foi aprovado e, em maio de 2018, ele viajou para os Estados Unidos, de onde não saiu desde então.
Ao entrar com pedido de asilo nos EUA, em 2020, Antônio José mentiu novamente ao ser questionado se já havia sido preso, acusado ou interrogado por algum crime em algum país.
Após ser condenado no Brasil em 2023 por envolvimento na Chacina do Curió, o ex-PM foi preso pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) nos Estados Unidos. Antes de ser capturado, ele chegou a integrar a lista vermelha de procurados devido à condenação pela chacina.
Ao ser perguntado pela Corte de Imigração dos Estados Unidos sobre as repetidas mentiras ditas aos oficiais imigratórios, ele alegou que nunca falou do processo que respondia pela Chacina do Curió pois ainda não havia sido condenado nem preso.
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Em maio de 2024, ele foi indiciado pelas autoridades americanas por dois crimes de fraude de visto, dois crimes de perjúrio e um crime de falsificação, ocultação e encobrimento de um fato material.
Em janeiro deste ano, ele se declarou culpado pelo crime de perjúrio diante da Corte Federal do Distrito de Massachusetts, sediada em Boston, e foi sentenciado a 16 meses de prisão.
Com isso, após o cumprimento da pena, ex-PM fica sujeito à deportação para o Brasil, onde deverá cumprir a pena de 275 anos e 11 meses de prisão em regime fechado, pela participação na Chacina do Curió.
Chacina do Curió
O crime ocorreu entre a noite de 11 de novembro e a madrugada de 12 de novembro de 2015, em bairros da periferia de Fortaleza. As investigações apontaram que o crime foi uma vingança pela morte do soldado Valtemberg Chaves Serpa, assassinado horas antes ao tentar proteger a esposa em um assalto.
As vítimas eram, em sua maioria, jovens negros e pobres, sem envolvimento com o crime. Elas foram mortas por execuções sumárias, segundo o Ministério Público do Ceará.
Seis policiais militares foram condenados até agora:
Marcus Vinícius Sousa da Costa: 275 anos e 11 meses
Antônio José de Abreu Vidal Filho: 275 anos e 11 meses (mais 16 meses nos EUA)
Wellington Veras Chagas: 275 anos e 11 meses
Ideraldo Amâncio: 275 anos e 11 meses
José Oliveira do Nascimento: 210 anos e nove meses
José Wagner Silva de Souza: 13 anos e cinco meses (por tortura)
Outros policiais foram absolvidos dos crimes na esfera comum, mas parte dos processos ainda tramita na Justiça Militar.
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