
O Pampa Gaúcho é uma região tradicionalmente ligada à pecuária de corte. Mas, nas últimas décadas, diversos produtores também têm investido na vitivinicultura, com a implantação de parreirais para produção de uvas de vinhos finos. Agora, uma pesquisa tenta unir as duas atividades, com a fabricação de suplementos alimentares para animal a partir do farelo de uva.
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O estudo conduzido pela Embrapa Pecuária Sul e pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com o apoio da cooperativa Cotrisul. “A viticultura ganhou força na região. Mas essa atividade gera um resíduo, que é o bagaço da uva, que não é aproveitado, e que tem potencial para a alimentação animal, como substituto energético do milho”, afirma Cristina Moraes Genro, pesquisadora da Embrapa responsável pela pesquisa.
“A integração lavoura-pecuária está cada vez mais forte no bioma Pampa. Mas isso também feito com que, em um período do ano, haja uma pressa do produtor em tirar os animais de campo para fazer a terminação, para quem possam preparar a terra para cultivo. A Embrapa decidiu então fazer estudos com suplementação, para auxiliar no ganho de peso dos bovinos, mas integrado a uma preocupação de economia circular e preservação ambiental”, destaca Cristina.
Segundo a pesquisadora, as uvas viníferas possuem bastante fibra solúvel, ácidos graxos, taninos e outros compostos que podem até modificar o perfil da gordura dos animais. Além disso, outro fator que será analisado é se alguns componentes, como taninos e resveratrol, podem reduzir a emissão de gases de efeito estufa emitidos pelo rebanho bovino.
Além da medição do consumo diário de forragem, também será contabilizada a emissão de metano
Cotrisul/Divulgação
No momento, 28 novilhos da raça Brangus, selecionados do rebanho da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), estão passando pela adaptação no cocho automatizado, para avaliar o uso do farelo de uva como suplemento na pastagem de inverno. Esse equipamento será o responsável por medir quanto de ração cada animal consome. Nestes bovinos, além da medição do consumo diário de forragem, também será contabilizada a emissão de metano.
A fábrica de rações da Cotrisul fará a produção do suplemento com bagaço de uva desidratado. As avaliações do estudo deverão durar 60 dias. Segundo a pesquisadora da Embrapa, os primeiros resultados da pesquisa devem ser publicados a partir de 2026. Se aprovada, a tecnologia deve ser colocada à disposição do mercado.





