
Com a intenção de aproveitar cascas de ovos e contribuir para a redução do uso do plástico comum, derivado do petróleo, os estudantes Gabriela El-Kouba e Lucas Eduardo Dec Gomes, alunos do Colégio Bom Jesus São José, de Rio Negro (PR) produziram vasos biodegradáveis que alteram o pH do solo.
Saiba-mais taboola
Eles também servem como adubo ao serem plantados, uma vez que se degradam naturalmente. Apesar de utilizar cascas de ovos, que diminuem a acidez do solo, a ideia foi criar um produto cuja composição fizesse o contrário, ou seja, aumentasse a acidez para favorecer plantas que necessitam de ambientes um pouco mais ácidos, como frutas vermelhas e algumas hortaliças.
Gabriela e Lucas começaram a pesquisa nas aulas de Iniciação Científica no 8º ano do colégio, em 2021. Após investigarem diversos materiais, em 2022, no 9º ano, encontraram na casca de ovo o ingrediente principal e buscaram ingredientes para fazer uma mistura compacta que se transformasse em algum produto que não prejudicasse o solo.
Eles misturaram, então, a casca de ovo (que contém carbonato de cálcio) e o vinagre (que age com um agente antimicrobiano) junto a outros ingredientes, mas, ainda assim, o produto não acidificou o solo por completo.
O professor orientador da equipe, Thiago Brandão, explica que, após várias pesquisas, os estudantes resolveram adicionar a babosa, o que completou a mistura para que houvesse a acidificação. “Só a casca de ovo alcaliniza o solo, mas queríamos acidificar. O que deu certo adicionando a babosa na mistura”, explicaram os alunos.
Em 2024, na 2ª série, eles aprofundaram a pesquisa e perceberam que a receita que estavam fazendo era capaz de acidificar o solo. Foi então que aproveitaram a descoberta para confeccionar vasos que alteram o pH da terra.
Assim, a equipe chegou na melhor receita até o momento: água, casca de ovo, amido de milho, babosa, glicerina, vinagre e carboximetilcelulose (CMC), um espessante usado para dar corpo, textura, viscosidade e promover secagem rápida. A mistura é levada ao fogo e depois colocada em moldes, para formar o vasinho. “Se secar no sol, o vasinho fica pronto em uma semana. Mas há a possibilidade de secá-los no forno, aí conseguimos um produto pronto em no máximo dois dias”, explica Lucas.
Neste ano, já no Ensino Médio, os estudantes estão fazendo testes com outros itens que podem ser adicionados à receita, como cascas de melancia, maracujá e cravo em pó. Esses ingredientes dão mais sustentação, resistência ao vaso, respectivamente, e servem como agentes antimicrobianos que não acidificam o solo, o que beneficia a produção de vasos alcalinizantes.
*Sob orientação de Marcelo Beledeli