A companhia suíça WinGD, que fabrica motores de navios, desenvolveu um motor de dois tempos capaz de operar com etanol, que estará à disposição do mercado já no ano que vem, e poderá entrar em projetos de retrofit de navios ou novas embarcações em 2027.
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A companhia disse que está em conversas com produtores de etanol para o uso comercial do biocombustível em seu novo motor, mas não revelou com quais companhias está em tratativas. A WinGD também está em negociações com empresas de navios para vender seu novo motor.
O desenvolvimento do motor a etanol foi possível após mais de uma década de pesquisas. Nesse período, os estudos levaram a WinGD a desenvolver antes um motor a metanol, que já está entrando no mercado.
O motor a etanol da WinGD é uma adaptação do motor de ciclo diesel, que contará com um sistema de controle adaptado e um bico injetor que leve em consideração a maior densidade energética do etanol.
Além da WinGD, outra fabricante de motores de navios que está desenvolvendo um motor a etanol é a finlandesa Wärtsillä. Em 2023, a empresa iniciou uma parceria com a Raízen para testar a aplicação do etanol como combustível marítimo.
Entre os produtores de etanol, existe uma perspectiva cada vez maior de que o transporte marítimo use o etanol como alternativa de combustível limpo de forma mais rápida do que o transporte aéreo. Afinal, no caso marítimo, as tecnologias em desenvolvimento envolvem uma solução “drop-in” (direto no motor), enquanto na aviação, o etanol só consegue mover os motores dos aviões quando processado industrialmente para virar combustível sustentável de aviação (SAF).
Atualmente, só há uma indústria de SAF a partir de etanol — tecnologia chamada de ATJ —, ainda em escala piloto, enquanto a produção de SAF a partir de óleos — tecnologia chamada HEFA — está mais avançada.
A Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) deve publicar neste mês seu novo documento com orientações para a redução de emissões de gases de efeito estufa nos navios com capacidade acima de 5 mil toneladas. Existe uma expectativa de que o documento passe a tratar sobre o etanol como alternativa de combustível limpo.