
Produção inicial será de 80 toneladas nas versões defumado, em postas, lombo de filé e hambúrguer A Korin Alimentos, referência nacional em produção sustentável, está lançando o primeiro salmão certificado em bem-estar animal do Brasil. O produto, cultivado no Chile, começará a ser comercializado em julho e é fruto de um longo e rigoroso trabalho em parceria com as empresas Alvarez y Alvarez e Damm, especializadas na produção e distribuição do peixe.
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O produto terá os selos da Certified Humane Brasil, representante da Humane Farm Animal Care (HFAC) na América Latina, da ASC (Aquaculture Stewardship Council), da IFS (International Featured Standards) de segurança em alimentos, além de certificado kosher (produto que segue as leis alimentares judaicas).
A produção inicial está estimada em 80 toneladas por mês, divididas em quatro produtos: salmão defumado, em postas, lombo de filé e hambúrguer. “Os altos padrões já aplicados às nossas linhas de frango e ovos, agora estão adaptados ao salmão”, conta o CEO da empresa, Reginaldo Morikawa, que começou em 2017 a elaborar os critérios para a chancela que reconhece o respeito ao bem-estar na criação.
Como a criação de salmão pode gerar problemas ambientais, doenças e preocupações éticas e sociais, foram criados padrões rígidos de produção, como zero uso de antibióticos e carrapaticidas, rastreamento de verminoses como a anisakis (que pode provocar problemas de saúde em humanos) e adoção de protocolos fechados para evitar contaminação via vetores.
A iniciativa da Korin reflete o crescimento do consumo de salmão no Brasil, que importa a maior parte do produto comercializado no mercado interno, com o Chile sendo o principal fornecedor. De acordo com dados da Peixe BR, em 2023 foram importadas 114.812 toneladas, um aumento de 14% sobre as compras de 2022.
A produção inicial está estimada em 80 toneladas por mês
Divulgação
Patagônia chilena
O salmão será produzido pela empresa Alvarez y Alvarez, instalada na cidade de Puerto Natales, na Patagônia chilena. “Escolhemos a 12ª região chilena, que possui águas frias e cristalinas e é habitat natural da espécie Salmo Salar, nativa do Atlântico”, conta Morikawa. As águas do mar na Patagônia, por serem mais frias, possuem outras vantagens como por exemplo um nível de salinidade ligeiramente menor, o que afasta naturalmente as infestações por carrapatos, sem a necessidade de tratamentos alternativos.
A carne do salmão Salmo Salar é firme e rica em gorduras saudáveis, especialmente os ácidos graxos ômega-3, que são benéficos ao funcionamento do coração e do cérebro. “Pela primeira vez o brasileiro saberá o nome da variedade do salmão que está consumindo. Além de informar, vamos valorizar a espécie Salmo Salar”, explica o executivo.
Segundo ele, trata-se de uma espécie que não sofreu modificação genética e foi escolhida pela Korin porque seu sistema de criação possibilita que o peixe expresse seus comportamentos naturais para que tenham vigor e bem-estar.
Sistema produtivo
O sistema de criação é totalmente controlado. Redes duplas impedem a entrada de outros peixes nos tanques, evitando a incidência de parasitas. A alimentação é balanceada, livre de transgênicos e controlada por Inteligência Artificial, reduzindo desperdícios. A produção conta também com sistemas de satélite, com robôs subaquáticos que removem eventuais peixes mortos para manter a água limpa e saudável, impedindo contaminações ambientais
O ciclo de desenvolvimento do salmão é de três anos. Ao final deste período o peixe é abatido, pesando entre 5 e 6 quilos. Em seguida é enviado para a planta de processamento em no máximo 8 horas após o abate, garantindo frescor, rastreabilidade e respeito ao bem-estar. “Após o processamento, em 38 minutos o peixe já está numa caixa com gelo, vindo para o Brasil”, conta Morikawa.
Os preços de venda devem ser 45% maiores que o do salmão convencional, que não é certificado. E a expectativa é de que o produto seja comercializado em cerca de 4 mil pontos de venda no País e que já no próximo ano a produção atinja 200 toneladas por mês. “Nossos esforços foram no sentido de trabalhar dentro do conceito de aquicultura regenerativa, promovendo a recomposição ambiental: para cada quilo de salmão produzido sequestramos 350 gramas de carbono do ar”, conclui Morikawa.