Uma plataforma online com mais de 50 mil amostras de solos de todo o Brasil e um selo de Carne de Baixo Carbono serão apenas algumas das dezenas de iniciativas que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentará a partir da próxima segunda-feira (10) ao público da conferência sobre o clima das Nações Unidas, a COP30, em Belém (PA).
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A AgriZone, espaço instalado na Embrapa Amazônia Oriental a 1,8 quilômetro das áreas oficiais da cúpula internacional, abrigará mais de 400 eventos técnicos a serem realizados em cinco palcos diferentes.
Deles participarão representantes de vários países como China, Japão, França, Canadá e Holanda, além de União Europeia, de instituições internacionais como a Fundação Gates e a Global Food Systems Institute, da Universidade da Flórida, grandes empresas, organizações brasileiras e pesquisadores da própria Embrapa.
Outro chamariz do espaço será o que a instituição chama de “vitrines vivas”, áreas com tecnologias agropecuárias para as cadeias de carne, soja, leite, milho, sorgo e trigo com baixa emissão de gases de efeito estufa e maior captação de carbono no solo e na vegetação. A AgriZone também abrigará formalização de parcerias entre ministérios, organismos internacionais, universidades e empresas, experiências gastronômicas e espaços para alimentação, entre outras ações.
Novidades
Uma das parcerias a serem anunciadas será um acordo com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), visando a instalação de uma unidade da estatal brasileira na Costa Rica. “O espaço reforça a mensagem de que a inovação é o caminho para alimentar o mundo e proteger o planeta”, disse em nota a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
Além da plataforma de amostras de solos brasileiros, outro lançamento programado pela empresa de pesquisa agropecuária é o selo da Carne de Baixo Carbono, marcado para o dia 16 de novembro, em parceria com a Marfrig, atual MBRF após a fusão com a BRF.
Ainda no campo da pecuária, a Embrapa dedicará uma das vitrines vivas à apresentação de dois tipos de leguminosas que ajudam a reduzir as emissões de metano pelo gado. O sistema que usa o “guandu BRS Mandarim” em consórcio com capins tropicais pode diminuir emissões de metano em até 70% – por quilo ganho pelo animal – em comparação às emissões em pastagens degradadas.
O espaço contará ainda com uma fazenda onde serão demonstrados 30 sistemas agropecuários integrados, inclusive a ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta).
Críticas
A AgriZone tem sido criticada pela Articulação Nacional de Agroecologia (Ana). Em nota, a entidade repudiou o que chamou de “captura” da AgriZone por corporações e multinacionais “com conflito de interesses com as agendas climática e ecológica”. O espaço conta com patrocínios de várias empresas, incluindo Nestlé, a fabricante de defensivos agrícolas UPL e a fornecedora de fertilizantes OCP.
No comunicado, a Ana defendeu o modelo agroecológico como solução para a crise climática e criticou a promoção de um “agronegócio sustentável” que busca “apenas manter privilégios”. “A Embrapa é uma instituição pública estratégica para a soberania alimentar e científica do país, e deveria pautar sua atuação pelo interesse público e não por alianças com setores responsáveis por crises ambientais e climáticas”, afirmou.