
A MBRF, empresa resultante da fusão entre Marfrig e BRF, registrou um lucro líquido de R$ 94 milhões no terceiro trimestre de 2025, uma queda de 62% em relação aos R$ 248 milhões do mesmo período de 2024. Este é o primeiro balanço divulgado desde a fusão que deu origem à nova companhia, anunciada em maio.
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A receita líquida da MBRF totalizou R$ 41,8 bilhões, aumento de 9,2% sobre o terceiro trimestre do ano anterior, impulsionada pelo crescimento de 3,7% no volume total de vendas, que atingiu 2,1 milhões de toneladas, um recorde histórico.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 3,5 bilhões, recuo de 8,6% na comparação anual, e a margem Ebitda ajustada ficou em 8,4%, ante 10% no mesmo período de 2024. Já o lucro bruto somou R$ 5,1 bilhões, redução de 3% na mesma base de comparação, com margem bruta de 12,3%, inferior aos 13,9% de um ano antes.
Segundo a empresa, os números de MBRF foram comparados com Marfrig, que como controladora já consolidava os dados de BRF desde 2022. A Marfrig apurava o lucro líquido atribuído ao controlador considerando o percentual de posição acionária que detinha em BRF. Com a incorporação das ações, em 22 de setembro, a empresa fundada por Marcos Molina passou a incorporar 100% do lucro líquido da BRF.
Como a fusão entre as empresas ocorreu no fim do terceiro trimestre, esse efeito não esteve presente em todo o período. Caso estivesse, o lucro líquido de MBRF seria próximo R$ 200 milhões entre julho e setembro deste ano, apurou a reportagem.
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O balanço divulgado na segunda-feira (10) mostrou ainda que a alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, da MBRF ficou em 3,09 vezes, praticamente estável em comparação com as 3,07 vezes registradas no terceiro trimestre de 2024.
O resultado consolidado reflete o desempenho das três frentes de negócio da empresa. A BRF respondeu por 39% do faturamento, com alta de 5,4% na receita líquida e queda de 14,9% no Ebitda. Já a operação na América do Sul representou 14% da receita e teve crescimento de 31,8% no Ebitda. A América do Norte foi responsável por 47% da receita, com avanço de 12,2%.
Segundo José Ignácio, vice-presidente de finanças e relações com investidores da MBRF, o resultado reflete um movimento pontual. “O principal ‘driver’ dessa queda de lucro líquido foi a performance operacional da BRF, que mesmo em patamares extremamente altos e saudáveis, teve uma leve retração na comparação anual”, afirmou em entrevista.
Dentre os fatores que prejudicaram o desempenho da BRF, ele destacou o fechamento de mercados importantes para frango brasileiro, entre eles a China, após a confirmação de caso de gripe aviária em granja comercial em Montenegro (RS), em maio. Com a reabertura das exportações para ao país asiático, anunciada na última sexta-feira, a expectativa da MBRF é de avanço nos resultados da operação da BRF nos próximos meses.
O CEO da MBRF Miguel Gularte afirmou na entrevista que o trimestre foi marcado por forte desempenho comercial, com volume de vendas e receita recorde após crescimento de 3,7% e 9,2%, respectivamente. “Os resultados trimestrais reforçam o potencial da MBRF”, acrescentou.
No Brasil, o avanço foi puxado pelos produtos processados, cujo volume vendido cresceu 7%. Na América do Sul, o aumento nas vendas da companhia foi de quase 18% na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos EUA, o desempenho se manteve positivo apesar do cenário restritivo, segundo José Ignácio. “Mantivemos um desempenho sólido na América do Norte, com gestão eficiente do ciclo pecuário e estabilidade das margens, mesmo em um ambiente de menor oferta de gado”.
De acordo com a empresa, do total de R$ 1 bilhão em sinergias mapeadas no início do processo de fusão, 60% já devem ser alcançados no primeiro ano de operação. Do montante esperado, R$ 231 milhões devem vir de otimização das estruturas corporativas, R$ 470 milhões em ganhos na cadeia de suprimentos, R$ 230 milhões em áreas comerciais e logísticas e R$ 73 milhões de outras iniciativas.






