
Produção de açúcar, álcool, etanol, demais derivados da cana-de-açúcar. Esses são alguns dos produtos do conhecido mercado de sucroenergéticos, que vêm se destacando nos últimos anos, não só no noticiário agroeconômico, mas também nas páginas de negócios e economia, eventos e feiras corporativas, além das reuniões das altas lideranças e conselhos administrativos.
Estes últimos, atentos ao desempenho operacional após uma safra que enfrentou adversidades climáticas e incêndios em diversos Estados.
Saiba-mais taboola
Antes de começar, vale lembrar que o Brasil é uma potência mundial entre os produtores de sucroenergéticos há décadas, com um impulso no início dos anos 2000. Instituições como a FGV destacam que a indústria alcançou recordes históricos, como o maior volume de açúcar exportado e uma oferta interna de etanol jamais vista. Esse desempenho ressalta a importância estratégica da cana-de-açúcar e de seus derivados para a economia nacional, mostrando também o impacto positivo da inovação e da busca por eficiência nas operações.
Hoje, o país segue como o maior produtor e exportador de açúcar do mundo. Na safra 2023/2024, foram processadas centenas de milhões de toneladas de cana, resultando em dezenas de bilhões de litros de etanol, seja a partir da cana ou do milho. Além disso, somente na produção de etanol, o Brasil figura como o segundo maior produtor global.
Mas, não basta apenas produzir. É preciso usar cada vez melhor os recursos disponíveis. Segundo o último relatório do Acompanhamento da Safra Brasileira de Cana-de-Açúcar, do Conab, publicado em novembro de 2025, a expectativa de produção desse item para a safra 2025/2026 é de 666,4 milhões de toneladas, 1,6% a menos do que no ciclo anterior. Segundo o órgão do governo, a diminuição se dá por restrições hídricas, queimadas, entre outros eventos naturais.
Globo Rural
Em momentos como esse, a eficiência operacional e a inovação tecnológica se mostraram cruciais para garantir os bons resultados. Processos sofisticados de moagem, diversificação da matéria-prima (como o etanol de milho) e adoção de boas práticas sustentáveis têm permitido que o setor se mantenha competitivo, mesmo diante de desafios como variações climáticas ou oscilações de preço.
Ao mesmo tempo, o papel dos biocombustíveis no Brasil reafirma sua relevância em um cenário global que busca reduzir emissões e depender menos de combustíveis fósseis. O etanol produzido a partir da cana, por exemplo, contribui para uma matriz energética mais limpa e diversificada.
Para seguir crescendo e liderando, o setor precisa investir de forma ainda mais decidida em inovação: seja melhorando a qualidade da cana, otimizando uso de insumos, adotando técnicas de colheita mecanizada ou explorando subprodutos (como bagaço e palha) para cogeração de energia. Essa abordagem não apenas reduz custos, mas incrementa a sustentabilidade econômica e ambiental do agronegócio.
Leia mais opiniões de especialistas e lideranças do agro
Além disso, é fundamental que haja cooperação entre iniciativa privada, governos e instituições de pesquisa. Com regulações claras e políticas de incentivo adequadas, será possível ampliar o uso de biocombustíveis, fomentar a pesquisa em novas tecnologias, como biocombustíveis de segunda geração, e consolidar o Brasil como referência global em eficiência energética e agroindustrial.
Fica a reflexão: eficiência e inovação são mais do que palavras de ordem. São a base concreta sobre a qual o futuro do setor sucroenergético brasileiro deve ser construído.
Estamos diante de uma encruzilhada histórica e podemos optar por seguir o caminho do crescimento sustentável, com respeito ao meio ambiente e geração de valor distribuído, ou retroceder à lógica de commodities frágeis e vulneráveis. Ainda vale ressaltar que defender a inovação e a eficiência, hoje, é apostar no protagonismo do Brasil no agro e na bioenergia para as próximas gerações.
*Andre Paranhos é vice-presidente da unidade de negócios da Falconi especializada em Agronegócio
As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural





