No Dia Mundial do Algodão, nesta terça-feira (7/10), os produtores celebram a data com dados robustos para a cadeia produtiva. Desde 2024, o Brasil se consolidou como o maior exportador mundial de algodão e terceiro maior produtor mundial da pluma. No ano comercial de 2024/2025, foram produzidas 4,11 milhões de toneladas, enquanto o volume de exportação no mesmo período alcançou 2,83 milhões de toneladas.
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Dados da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura mostram que a cotonicultura está entre as cinco principais culturas agrícolas do país, com o Valor Bruto da Produção (VBP) estimado em R$ 36,6 bilhões até agosto de 2025.
“O algodão é um exemplo do quanto o agro brasileiro pode crescer com tecnologia, sustentabilidade e agregação de valor. Cada hectare cultivado representa emprego, renda e inovação. Conquistamos novos mercados e aumentamos a credibilidade do algodão brasileiro mundo afora. Celebrar o Dia Mundial do Algodão é reconhecer o papel dos nossos produtores e da pesquisa nacional, que colocam o Brasil entre os maiores produtores e exportadores globais”, destacou, em comunicado, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Para a safra 2025/2026, a expectativa é de um crescimento de 3,5% na área e de 0,7% na produção, alcançando um recorde de 4,09 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Mas para chegar a esse status, os cotonicultores investiram não só no aumento da produtividade das lavouras, como também desenvolveram uma série de ações sustentáveis por toda a cadeia de produção.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), das fazendas da fibra no Brasil, 83% têm suas produções certificadas pelo Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e pela Better Cotton, iniciativas que comprovam a adoção de parâmetros sustentáveis.
De acordo com o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, a produção de uma fibra responsável é um dos grandes diferenciais do algodão brasileiro no mercado internacional.
“O consumidor está cada vez mais exigente em relação à preservação ambiental e às práticas de sustentabilidade. Para responder à demanda, grandes marcas têm buscado soluções que estejam alinhadas a esses valores. Nesse contexto, o algodão brasileiro se destaca como uma matéria-prima que une qualidade e sustentabilidade”, destacou Piccoli, em nota.
Diferencial
As marcas que utilizam algodão brasileiro como matéria-prima agregam valor ao produto final devido às características intrínsecas da pluma nacional. A rastreabilidade é garantida por dois programas da Abrapa que têm como objetivo assegurar a transparência e a origem de cada fardo comercializado. O primeiro é o Sistema Abrapa de Identificação (SAI).
A diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi, explica: “Todo fardo de algodão produzido no Brasil recebe uma etiqueta que dá acesso às informações sobre a fazenda de origem, certificações, análises laboratoriais das características da fibra, unidades de beneficiamento e todo o trajeto percorrido até os portos ou fiações nacionais”.
O segundo programa é o Sou ABR, que amplia a rastreabilidade até o consumidor final. “O Sou ABR agrega os dados do SAI às informações das fiações, tecelagens e confecções pelas quais o algodão passa até se transformar em roupa. Por meio da tecnologia blockchain, rastreia toda a cadeia de custódia da fibra”, acrescenta Ferraresi.
No Brasil, empresas do segmento do varejo de moda, como C&A, Renner e Calvin Klein, já oferecem linhas de produtos rastreáveis em suas lojas, trazendo confiabilidade e valor agregado às coleções.
Inovação para as lavouras
Desde o final da década de 1990, quando o setor atravessava sua maior crise produtiva, a inovação tem sido o motor da recuperação e da expansão da cotonicultura no Brasil. O melhoramento genético aumentou a produtividade por hectare e reduziu a necessidade de expansão das áreas cultivadas. Atualmente, o algodão ocupa apenas 0,25% do território brasileiro.
Outra inovação importante foi a adoção do cultivo em sequeiro aliado ao sistema de plantio direto. Hoje, 92% do algodão brasileiro é cultivado apenas com água da chuva. O plantio direto, que envolve o mínimo revolvimento do solo e a manutenção de cobertura vegetal, ajuda a preservar a umidade, reduzir o desperdício de água e aproximar a produção nacional da agricultura regenerativa.
Para o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, “o futuro do algodão brasileiro está amparado em sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade, sempre apoiado na tecnologia para evoluir em harmonia com a sociedade e o meio ambiente”.