Demora para conseguir exames prejudica tratamento de pacientes que usam a rede pública em Fortaleza

A dificuldade em conseguir exames médicos pela rede pública de saúde tem causado revolta e sofrimento em Fortaleza. Pacientes relatam esperas que ultrapassam quatro anos para exames essenciais, como ressonâncias magnéticas, ultrassonografias e até mesmo exames de sangue. A situação afeta diretamente o tratamento de diversas doenças, atrasando diagnósticos e comprometendo a qualidade de vida dos usuários do sistema.

A dona de casa Sandra Helena é um exemplo disso. Há anos ela convive com dores crônicas provocadas por hérnias de disco e segue na fila por exames que permitiriam um tratamento adequado. “Tenho 5 a 6 hérnias de disco, tenho no ombro. Estou esperando exames de 3 anos, que é ultrassom. Essa ressonância magnética está com 4 anos esperando, vai fazer 5 agora.” Ela conta ainda que não consegue mais trabalhar por causa das dores: “Sinto dores 24 horas. Para mim, se acordar é a maior dificuldade. Então eu queria pelo menos ter uma qualidade de vida, eu queria me levantar e não sentir dor.”

>>>Clique aqui para seguir o canal do GCMAIS no WhatsApp<<<

A situação se agrava com a reforma do Posto de Saúde Anastácio Magalhães, no bairro Rodolfo Teófilo, que está fechado desde 2023. Enquanto a obra, orçada em quase R$ 5 milhões, não é concluída, os pacientes estão sendo atendidos em outro prédio na Parquelândia — mas o problema da demora nos exames persiste. “Faz falta o posto aqui, porque eu sou daqui, da área. A gente precisa muito desse posto também”, desabafa Sandra.

O aposentado João Duarte também enfrenta a lentidão no atendimento. “Faz mais de dois anos que eu aguardo urologista, oftalmologista e ontem mesmo eu marquei o exame de sangue para fevereiro. Quer dizer, é uma dificuldade muito grande para a gente conseguir, né?” Já Florença Gomes, que sofre com cistos no ovário e miomas no útero, aguarda desde dezembro por exames ginecológicos e cardiológicos. “Estou aumentando mais as dores, né? Eu preciso saber, preciso fazer os exames rápido. No momento estou sem benefícios, sem nada para receber e não tenho condições de pagar.”

>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<

Questionada sobre a situação, a secretária municipal de saúde, Riane Azevedo, afirmou que um levantamento está sendo feito para reduzir a fila de espera. “A ideia é essa, pegar essas filas que são de muitos anos. A gente tá fazendo levantamento de 5 anos para cá, para poder conseguir recuperar esse tempo, atender esses pacientes e, obviamente, nesses 4 anos que nós temos de gestão, tentar colocar essas filas administráveis.” Ela também informou que, até recentemente, Fortaleza não possuía nenhum aparelho de ressonância magnética próprio, o que limitava severamente a capacidade de atendimento. “Nós já estamos hoje com nove meses de gestão […] já saímos de 250, hoje nós estamos realizando 1.100 exames por mês.”

Sobre a reforma do posto Anastácio Magalhães, a secretária não apresentou um prazo para conclusão, mas disse que a atual gestão está retomando obras paradas desde administrações anteriores. Enquanto isso, os pacientes continuam dependendo de atendimentos em bairros distantes e enfrentando a espera por procedimentos básicos. Como disse Elânia Macêdo, acompanhante de idosos: “Quem tem seu carro vai para tudo quanto é local, e quem não tem vai ter que ir até sem condições.”

Leia também | Dia C de Cirurgias: Ceará terá mutirão de procedimentos cirúrgicos neste sábado (20)

>>Acompanhe o GCMAIS no YouTube<<<