
O mercado global de fertilizantes nitrogenados volta suas atenções para a Índia, após o anúncio de uma nova licitação para a importação de 2 milhões de toneladas de ureia. Enquanto a licitação não é finalizada e os detalhes da negociação não são divulgados, os compradores tendem a adotar uma postura mais cautelosa, aguardando maior clareza sobre os desdobramentos do mercado.
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A iniciativa indiana ocorre em um período considerado sazonalmente importante para o país, quando há aumento da demanda entre maio e setembro. De acordo com o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Pernías, os importadores indianos costumam garantir estoques robustos nesse intervalo, o que ajuda a explicar a busca por novos volumes no mercado internacional.
O movimento da Índia, uma das maiores compradoras globais de fertilizantes, tem potencial para influenciar os preços de nitrogenados e fosfatados, além de alterar o equilíbrio da oferta internacional. Essa influência já foi percebida no mercado futuro da ureia, com sinais de valorização em regiões como Estados Unidos, Brasil e Oriente Médio. Segundo a StoneX, na última quinta-feira (24/7), o contrato futuro da ureia CFR Brasil com vencimento em agosto de 2025 registrou um aumento de US$ 33, fechando em US$ 490 por tonelada.
O anúncio indiano também gera preocupações no Brasil, principalmente entre os produtores que ainda precisam adquirir fertilizantes nitrogenados para a safrinha de milho 2025/26. De acordo com Pernías, a expectativa de que parte da oferta mundial seja absorvida pela Índia pode manter os preços internacionais firmes, impactando diretamente os custos da produção agrícola nacional.
O relatório também aponta que, em Mato Grosso, o custo de produção do milho de alta tecnologia está em níveis elevados para a próxima safra. “Custos elevados, combinados a um quadro de fraqueza no mercado de grãos, podem criar dificuldades para os produtores que não possuem uma boa gestão dos custos operacionais. Somado a isso, vive-se atualmente um cenário de crédito mais caro, o que é outro fator que não favorece a situação dos agricultores brasileiros”, aponta o analista.