Aroma surge principalmente nas pétalas e atraem polinizadores de forma seletiva Além de ornamentar jardins, vasos e arranjos, as flores também se destacam pelo perfume. Mas, afinal, de onde vem o cheiro das flores e por que algumas são mais cheirosas do que outras? A resposta envolve processos químicos e estratégias de sobrevivência desenvolvidas pelas plantas ao longo da evolução.
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Segundo o botânico Vinicius Resende Bueno, o cheiro das flores é resultado da liberação de compostos orgânicos voláteis. Esses compostos evaporam com facilidade e se dispersam no ar, o que permite que o aroma seja percebido por animais — principalmente os polinizadores.
“São compostos orgânicos, como terpenoides, benzenoides e fenóis, que têm a função primordial de atrair polinizadores específicos. A flor emite um sinal químico para atrair o animal que garante a reprodução da espécie”, descreve o especialista.
Vinicius explica que essas substâncias são produzidas principalmente nas pétalas ou em estruturas ligadas a elas. O tipo de aroma depende da composição química e da quantidade dessas moléculas.
“Há flores que imitam até cheiros de carcaça para atrair insetos como moscas, enquanto outras exalam perfumes doces e frutados.”
Por que algumas flores têm cheiro mais forte?
Ainda de acordo com Bueno, essa intensidade é percebida de forma diferente por humanos, mas biologicamente está ligada à estratégia da planta de atrair ou afastar determinados organismos. Nos perfumes florais, por exemplo, a diferença de intensidade está ligada à quantidade e ao tipo de compostos voláteis que a flor produz.
Algumas flores emitem grandes volumes dessas substâncias, enquanto outras priorizam compostos menos perceptíveis ao olfato humano. Essa variação tem função ecológica e está diretamente ligada ao tipo de polinizador que a planta busca atrair.
Segundo artigo publicado na revista científica Cell, os diferentes perfis químicos de cada flor funcionam como códigos que orientam os polinizadores conforme o horário do dia, as condições climáticas e a localização geográfica. Veja abaixo as espécies consideradas mais perfumadas e ricas nesses compostos.
Jasmim
Jasmin
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Originária da Ásia, essa flor é conhecida por liberar seu perfume principalmente à noite. É amplamente utilizada na produção de óleos essenciais e fragrâncias, especialmente pelo rendimento aromático de suas pétalas.
Rosa de Maio
Cultivada na região de Grasse, na França, essa variedade de rosa tem alto valor na perfumaria. Suas pétalas concentram compostos aromáticos usados em perfumes desde o século XVI.Gardênia
Comum em regiões tropicais da Ásia, é usada tanto na jardinagem quanto na perfumaria. Suas flores brancas liberam um aroma reconhecível e de boa fixação.
Lírio-do-Vale
Presente em áreas temperadas da Europa e da Ásia, floresce na primavera. Seu aroma leve é amplamente usado em fragrâncias comerciais. A planta, apesar de ornamental, é tóxica.
Tuberosa
Nativa do México, essa flor libera mais perfume no fim da tarde. Seu óleo essencial é extraído há séculos para uso em perfumaria, especialmente em composições mais intensas.
Frangipani
Encontrada em regiões tropicais das Américas e da Ásia, é usada em jardins e cerimônias religiosas. Suas flores produzem um aroma constante e são utilizadas também em cosméticos.
Magnólia
Magnólia
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Espécie do Sudeste Asiático, é cultivada por seu aroma característico, com uso frequente em perfumaria natural. Suas flores são usadas ainda em práticas tradicionais de várias culturas locais.
Orquídea Vanilla
Orquídea Vanilla
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Originária do México, é a fonte da baunilha natural. O perfume vem das vagens, que passam por um processo de fermentação e secagem antes de serem usadas em fragrâncias e alimentos.
Glicínia
Trepadeira comum em jardins da Ásia e da Europa, floresce na primavera. O perfume se espalha com facilidade e costuma atrair polinizadores como abelhas e borboletas.
Chocolate Cosmos
Chocolate Cosmos
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Como o próprio nome sugere, essa flor originária do México exala um aroma que lembra chocolate. É usada principalmente como planta ornamental e não possui variedades comestíveis.