
Afirmação é da CEO do Rabobank Brasil, que também prevê impactos para a disponibilidade de recursos O crédito rural do Rabobank segue à disposição dos produtores brasileiros, embora o custo e a disponibilidade possam ser afetados pela instabilidade da geopolítica global. Além disso, a CEO do Rabobank Brasil, Fabiana Alves, ressalta que outros fatores internos também atrapalham o mercado nacional de crédito.
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“Independentemente do que está acontecendo lá fora temos que colocar a nossa casa em ordem”, afirmou a executiva do banco holandês durante evento da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizado nesta terça-feira (6/5). Entre as adversidades, ela citou insegurança jurídica, a validade dos instrumentos de garantia, questões fundiárias e o seguro de safra.
Por se tratar de um banco europeu, o Rabobank segue uma agenda de sustentabilidade bem definida. “A Europa pode mudar de velocidade, mas a direção está posta”, disse a CEO, sobre as diretrizes de sustentabilidade do bloco europeu.
Desta forma, as premissas de sustentabilidade também são consideradas na oferta de crédito do Rabobank aos produtores rurais.
Guerra comercial
Sobre a guerra comercial protagonizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a executiva do banco ressaltou que outros países não contam com a mesma possibilidade do Brasil para suprir lacunas deixadas pelos americanos no fornecimento de produtos agropecuários.
Portanto, há, de fato, a possibilidade de aumento nas exportações brasileiras nos próximos meses. Em contrapartida, Alves alertou que rupturas na cadeia logísticas podem vir acompanhadas deste aumento nos embarques, devido aos gargalos de infraestrutura existentes no país.
Também presente no evento, o presidente da Agroconsult, André Pessôa, comentou que a guerra comercial traz efeitos imediatos ao mercado de commodities, como a possível queda nos preços dos grãos exportados pelos EUA e aumento nos prêmios do produto brasileiro, mas estes impactos se tornam pequenos perto das oportunidades que estão sendo criadas para o longo prazo.
“Os efeitos de curto prazo são positivos na maioria das cadeias para o agro, mas são passageiros. A oportunidade que está posta no médio e longo prazo é muito maior. A confiança dos EUA está abalada em alguns dos principais de seus clientes e não só a China. Abre perspectiva para nós em acelerar acordos comerciais e novas parcerias”, explicou.
Para os especialistas, as associações e setores privados têm a chance de se organizar para colocar aos clientes a estratégia brasileira de venda de seus produtos agropecuários, para criação e consolidação de novas demandas.
“E se não fizermos isso, quase passivamente vamos nos beneficiar de volumes maiores [nas exportações], mas não necessariamente nas melhores condições”, completou André Pessôa.