
Associação que representa suinocultores afirma que os aportes só não são maiores que os atuais porque as taxas limitam as condições de captar recursos Depois de pelo menos três anos de crises, a suinocultura brasileira retoma a trajetória de crescimento
Jaelson Lucas/AEN
O suinocultor brasileiro voltou a ter rentabilidade em 2025, resultado de um aquecimento na demanda interna e externa. Agora, os criadores e agroindústrias apostam em acertar as contas e investir nos plantéis, pensando em elevar a produção de forma mais contundente nos próximos dois anos.
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“Há investimentos, principalmente, em Mato Grosso do Sul, para aumentar a produção em dois anos nas agroindústrias. Os criadores estão pagando as contas, investindo para melhorar o manejo, bem-estar animal e em novas granjas”, diz o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
O momento positivo chega depois de pelo menos três anos de crise. A carne suína brasileira ganhou espaço no mercado internacional, o que ajudou a desenvolver o setor. Mas, enquanto se exportava maiores volumes de alguns cortes, outros ficavam no Brasil e criavam excedentes.
O consultor da Associação, Iuri Machado, lembra que entre os anos de 2021 e 2022, houve um incremento de oferta em torno de 300 mil toneladas por ano. “Isso fez com que o preço pago ao produtor despencasse”, diz.
Em 2023 e 2024, a estratégia foi tentar diminuir a produção até atingir um equilíbrio. Agora, diz Machado, é hora de consolidar a recuperação e retomar o crescimento. Neste ano, produção nacional de carne suína deve aumentar entre 2% e 2,5%, segundo a ABCS.
A situação atual favorece os investimentos em uma cadeia que precisa crescer de forma coordenada. “O único problema são os juros. Se estivessem mais baixos, o setor estaria investindo muito mais”, pondera Lopes, presidente da entidade. Parte dos investimentos leva capital próprio, mas também há necessidade de financiamentos.
Preços e demanda em alta
Suinocultor no Distrito Federal, Marcelo Lopes conta que as exportações de carne suína estão aquecidas. Nas projeções da ABCS, devem superar o ano passado em 7%. A expectativa é a China manter o elevado nível de compras de miúdos e as Filipinas, de carcaças. “O país só não exporta mais porque a logística não comporta”, afirma.
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Globo Rural (com dados do Ministério da Agricultura)
O mercado interno também está com bom nível de remuneração para o criador, entre R$ 7 e R$ 8 o quilo do animal, em média. “Não no valor que queremos, mas vem remunerando”, pontua, sem detalhar o que seria um “melhor valor”.
Em Santa Catarina, maior produtor do país, a cotação média do suíno vivo está em R$ 7,65 o quilo, 28% mais alta em relação ao mesmo período no ano passado, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
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A ABCS vincula a alta na demanda interna ao maior nível de informação sobre o produto e à elevação dos preços da carne bovina, que leva o consumidor a substituí-la. De outro lado, a acomodação dos preços do frango devido à gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS) não deve reduzir a demanda pelo suíno.
“Os preços das quatro proteínas, carne bovina, suína, de frango e incluindo o ovo, estão maiores já neste primeiro semestre porque aumentou a exportação e o crescimento da produção (de carne suína) ainda é muito tímido”, explica Machado.
O consultor da ABCS prevê para 2025 um comportamento semelhante ao de 2024, quando cada brasileiro consumiu, em média, 20 quilos de carne suína.