Atualmente, os bioinsumos representam atualmente de 7% a 8% de toda a receita com vendas de defensivos agrícolas da companhia A multinacional americana Corteva está apostando no desenvolvimento de novas gerações de insumos biológicos para ampliar a participação desses produtos em seu mix de vendas. Após realizar duas aquisições de empresas do ramo nos últimos anos, a companhia trabalha em inovações para triplicar a fatia que os produtos biológicos representam em sua receita na próxima década, afirmou Frederic Beudot, líder global de biológicos da Corteva, em entrevista coletiva durante o Global Agribusiness Festival (GAFFFF), no Allianz Parque, em São Paulo.
Initial plugin text
A companhia colocou seu primeiro pé no mercado de bioinsumos com a compra da Symborg em 2022, ampliando sua participação nesse mercado com a aquisição da Stoller no ano seguinte.
Atualmente, os bioinsumos representam atualmente de 7% a 8% de toda a receita com vendas de defensivos agrícolas – ou de 3% a 4% de toda a receita total da companhia, disse o executivo.
Em 2024, a Corteva teve uma receita global de US$ 16,9 bilhões. A companhia não revela em seu balanço apenas a receita com biológicos, mas informa que as vendas do segmento no ano passado caíram 3%, enquanto as vendas totais da área de proteção de cultivos recuou 5%. Anualmente, a companhia investe US$ 1,4 bilhão em pesquisa e desenvolvimento (P&D), tanto em produtos químicos como em biológicos.
Frederic Beudot, líder global de biológicos da Corteva
Divulgação
Para ampliar a popularidade dos produtos biológicos, a Corteva está apostando na estratégia de pesquisar tecnologias que aumentem a estabilidade e a validade dos produtos biológicos. “Às vezes os produtos precisam ser mantidos refrigerados. Algumas tecnologias estão sendo utilizadas para estabilizá-los sob condições para ficar fora de refrigeradores. Esta é a próxima onda [de inovações]”, afirmou. Sem a necessidade de refrigeração, a companhia espera que fique mais fácil para o produtor incorporar o uso de determinados produtos.
Nessa linha de pesquisas para garantir maior aproveitamento dos bioinsumos já existentes, o executivo mencionou pesquisas em andamento de um produto já existente em seu próprio portfólio, o Utrisha N, uma bactéria que permite maior fixação de nitrogênio no solo. Segundo Beudot, as membranas das bactérias utilizadas são muito finas, o que pode torná-la mais sensível. “Se a gente estressa o produto, a membrana dos esporos fica mais espessa, e eles ficam mais resilientes”, explicou.
Essas e outras técnicas estão sendo testadas nos laboratórios da Corteva para aumentar a estabilidade e facilitar a adoção dos produtos no campo. “É uma área enorme de pesquisa, sobre como estendemos a vida útil e encontramos tecnologias de origem natural para fortalecer o que já existe. É prioridade máxima para nós”, acrescentou.
Em outra trilha de pesquisa, a Corteva também está buscando identificar micróbios que produzam moléculas ainda não conhecidas, ou induzi-las a produzir determinadas moléculas utilizando a tecnologia da edição gênica. “A edição gênica pode criar micróbios com maior capacidade de dar suporte para a planta ou [que permita à planta] desempenhar mais funções”, explicou Beudot.
Apesar de já haver pesquisas avançadas e até alguns produtos desenvolvidos a partir de edição genética no ramo da medicina, o executivo avalia que o resultado das pesquisas na área para o desenvolvimento de produtos biológicos pode ainda levar entre dez a 15 anos, até que ocorra o primeiro lançamento de produto.
Segundo Beudot, as aplicações da edição gênica na área da saúde já devem indicar os “limites e oportunidades” dessa tecnologia para a pesquisa de bioinsumos. Por outro lado, ele reforçou a necessidade de estabelecimento de regulamentações de desenvolvimento e aplicação da técnica de edição gênica na área.
Além das pesquisas realizadas em seus laboratórios, a Corteva também trabalha em parceria com outras empresas que já têm tecnologias mais avançadas para estabilizar os microorganismos nas plantas, acrescentou.