
Sebastián Depolo Cabrera avalia que o agronegócio será um dos setores mais beneficiados com o projeto de integração regional O “namoro” entre Chile e Brasil, até então mais visível nas áreas de turismo e serviços, deve ganhar novo impulso com a melhoria logística que será possível com o Corredor Bioceânico, que, segundo o cronograma atual, deverá ser concluído em 2026. Ao Valor, o embaixador chileno Sebastián Depolo Cabrera afirmou que o agronegócio será um dos setores mais beneficiados com o projeto de integração regional.
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O Corredor Bioceânico é uma rota logística que conectará o interior da América do Sul ao Oceano Pacífico por meio de uma ligação terrestre entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. O país andino estruturou e agora lidera as obras, que devem começar no início do ano que vem.
Os portos do norte chileno — Iquique, Antofagasta e Mejillones — funcionarão como portas de saída para exportações sul-americanas rumo à Ásia e à Oceania, regiões onde exportadores chilenos já têm mercados fidelizados.
Com o corredor, o Brasil ganha duplamente, disse Cabrera. Isso porque facilitará o acesso de produtos perecíveis chilenos, como derivados de leite, a regiões do Centro-Oeste, Norte e Nordeste — onde ainda têm pouca penetração — e abrirá caminho para o ingresso de alimentos brasileiros no Chile, sobretudo aqueles de origem da agricultura familiar e orgânica.
Oficialmente chamada de Rota Bioceânica do Capricórnio, a iniciativa envolve obras de estradas, pontes e melhorias alfandegárias. O objetivo é reduzir os custos e o tempo de transporte de mercadorias. Essa é uma das pautas que o embaixador reforçou esta semana durante a Apas Show, feira do setor de alimentos e bebidas organizada pela Associação Paulista de Supermercados (APAS), em São Paulo.
Uma comitiva chilena com representantes do governo e empresários participou do evento de olho na abertura de novos mercados e para dar continuidade às conversas iniciadas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric no mês passado. Em abril, Lula e Boric assinaram 13 acordos bilaterais.
Cabrera é embaixador do Chile no Brasil desde março de 2023 e quer ampliar a presença de produtos da agricultura orgânica chilena, especialmente os provenientes de comunidades campesinas, de indígenas e lideradas por mulheres, no mercado brasileiro.
Segundo ele, a meta é simplificar processos alfandegários e evitar a dupla tributação, facilitando o acesso de itens de menor escala a mercados populares no Brasil.
“Além do vinho e da truta, queremos exportar mais azeites, alho negro, frutas secas e pisco”, disse. Para o embaixador, a relação comercial entre os países está bastante fortalecida, e as políticas protecionistas do governo de Donald Trump, nos EUA, reforçam a importância de se integrar a logística regional.