
Companhia registra alta de 43% em seu lucro na safra 2024/25 A Copersucar está estruturando a criação de um negócio dedicado para atuar na comercialização e distribuição de biometano, assim como já atua na venda de outros produtos do setor sucroalcooleiro.
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“A Copersucar começa a se preparar para ser um operador relevante no mercado de biometano, que virá através da produção do gás nas nossas usinas cooperadas e também de atividades de compra e venda de biometano que a Copersucar pretende fazer”, afirmou Tomás Manzano, CEO da companhia, em coletiva.
Para o executivo, o mercado de biometano tende a ganhar dinamismo nos próximos anos dado o potencial de ganhos para as usinas e clientes no mercado.
“Além de representar uma redução de custo [para as usinas], substituindo o diesel [na frota própria], que é relevante no custeio das usinas, [o biometano] também representa uma oportunidade de melhorar a redução de intensidade de carbono do etanol. Isso mais à frente tende a ter um valor relevante percebido pelo mercado”, avaliou.
No Brasil, o programa RenovaBio já permite que os produtores de biocombustíveis que usam mais biometano em seus processos produtivos no lugar de combustíveis fósseis gerem e vendam mais Créditos de Descarbonização (CBios).
A partir de 2026, os produtores e importadores de gás natural deverão começar a cumprir com metas de consumo de biometano para diminuir a pegada de carbono de seus produtos, de acordo com previsão da lei do Combustível do Futuro. A Petrobras já fez uma chamada pública para comprar biometano para o ano que vem e está no momento em negociação com os produtores que apresentaram proposta.
Dentre as associadas da Coperucar, atualmente apenas a Cocal possui uma planta de produção de biometano, mas Manzano adiantou que, neste ano, deverá haver anúncios de construção de mais três plantas de biometano por suas cooperadas. O plano, segundo ele, é que todas as 38 unidades processadoras de cana tenham anexo ás suas instalações plantas de produção de biometano.
Balanço
A Copersucar encerrou a safra 2024/25 com o terceiro maior lucro de sua história, frutos do reforço de sua atuação nas exportações de açúcar do Brasil e de seu avanço no mercado americano de etanol para recuperar sua rentabilidade. A companhia registrou na temporada um lucro líquido de R$ 402 milhões, um crescimento de 43,1% ante a safra anterior.
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A receita líquida cresceu 15,3% e alcançou R$ 62,3 bilhões. A maior contribuição para esse crescimento partiu da Eco-Energy, comercializadora de etanol e gás natural nos Estados Unidos. Embora a empresa tenha diminuído o volume de gás natural comercializado no país na comparação com o exercício anterior, o negócio beneficiou-se da alta de 40% nos preços do gás natural no mercado americano.
Além disso, a Eco-Energy ampliou sua base de clientes de 17 para 26 destilarias de etanol de milho, além de ter avançado na assinatura de contratos exclusivos de longo prazo, que permitiram a empresa alcançar 15% de participação no mercado local. O volume de etanol vendido no país teve incremento de 23,4%, para 9,5 bilhões de litros. A contribuição da companhia no resultado da Copersucar ainda foi favorecido pelo real mais depreciado.
Outro destaque foi o forte aumento do volume de açúcar comercializado, puxado pelas exportações brasileiras feitas pela Alvean. O volume de açúcar vendido ao mercado externo cresceu 21,4%, a 13,7 milhões de toneladas.
“A Alvean encerrou a safra com o maior volume da [sua] história, com um avanço importante no livro de comercialização e um ótimo desempenho nas operações de trading”, disse o CEO da Copersucar.
O aumento dos volumes de produtos vendidos ocorreu mesmo em uma safra com forte quebra na moagem de cana na média da indústria. Para as usinas associadas da Copersucar, porém, a redução da moagem foi em menor proporção que a média — enquanto a queda na moagem das unidades associadas foi de 2,7%, para 107 milhões de toneladas de cana, a redução do volume processado pelo Centro-Sul foi de 4,9%.
O crescimento da receita e a melhora da rentabilidade fizeram com que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subisse 13,8%, para R$ 1,1 bilhão. Já a divida líquida ajustada (líquido de estoques, capital de giro e derivativos) ficou positiva em R$ 301 milhões — após encerrar a safra anterior com um caixa R$ 69 milhões maior do que a dívida bruta —, em decorrência da compra de 50% da Newcom, joint venture de venda de energia elétrica renovável com a Comerc.
Porém, o diretor financeiro da Copersucar, Thiago Struminski, ressaltou que, assim como o caixa líquido, a dívida bruta também foi reduzida para evitar exposição aos juros altos. “Conseguimos alocar essas dívidas e diluir os vencimentos em diferentes anos, de forma a evitar uma concentração de risco. E diminuímos o custo das novas contratações”, afirmou.
Para a safra em curso, Manzano estima que as usinas associadas da Copersucar vão continuar com um desempenho melhor que a média do Centro-Sul. Ele projeta que a região terá uma safra entre 590 milhões e 600 milhões de toneladas de cana, enquanto as 38 unidades no “ecossitema” Copersucar terão uma moagem estável, senão maior. “Isso é fruto de uma expansão de investimentos [das usinas associadas], principalmente em aumento de área.”
O executivo disse ainda que o momento de baixa dos preços do açúcar não encontra justificativa nos fundamentos. “O mercado de açúcar viveu os últimos sete anos com redução de estoques. Ainda estamos em um patamar baixíssimo de estoque frente o consumo”, afirmou. Para ele, o Brasil deve voltar a ter produção de açúcar próxima do recorde, entre 40 milhões e 41 milhões de toneladas, com um mix açucareiro de mais de 51%.
Manzano disse que sua expectativa para o mercado de etanol é de aumento da demanda no Brasil e nos Estados Unidos. “A economia brasileira está mais aquecida e devemos continuar vendo incremento de [consumo de] combustíveis e incremento da participação do hidratado na matriz’, disse Manzano, que também citou a perspectiva de aumento da mistura do anidro para 30% neste ano.