Mais do que beleza ou valor alimentício, algumas espécies vegetais cumprem uma função ambiental importante: ajudam a limpar a água. Elas absorvem nutrientes em excesso, metais pesados e até microrganismos presentes em ambientes alagados, funcionando como filtros vivos. Esse processo é conhecido como fitorremediação.
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O processo utiliza plantas para descontaminar solos e corpos d’água. Como explica o pesquisador Sílvio Tavares, da Embrapa Solos, algumas espécies têm raízes capazes de absorver poluentes, incorporando-os à sua biomassa. O processo, usado desde a Antiguidade, pode ocorrer de forma natural ou ser potencializado com o cultivo de plantas específicas, como o aguapé, o junco e o lírio-do-campo.
De acordo com os pesquisadores, essa eficiência está ligada à estrutura da planta: as raízes longas e esponjosas aumentam a área de contato com a água e favorecem a absorção de contaminantes. Já os tecidos vegetais acumulam ou transformam essas substâncias, retirando-as do meio líquido por processos bioquímicos como adsorção, metabolização ou fixação em biomassa, podendo ser incluídas em tanques, bacias ou até caixas d’água adaptadas no quintal ou varanda.
Conheça dez plantas com capacidade de filtrar a água:
Aguapé
Aguapé
Foto: Canva/Creative Commons
Flutua na superfície e cresce rápido. Suas raízes longas ficam submersas, absorvendo nutrientes e metais pesados. Ideal para tanques e bacias com água parada.
Segundo um estudo publicado na revista Environmental Science and Pollution Research em 2024, plantas como o aguapé conseguem remover mais de 70% de metais como chumbo, cobre e cádmio da água, além de reduzir compostos como nitrogênio e fósforo.
Taboa
Taboa
Foto: Canva/Creative Commons
Outro exemplo interessante é o da Taboa. Assim como a Aguapé, tem raízes profundas e cresce bem em áreas alagadas ou margens de lagos e valas. Ajuda a remover bactérias e resíduos orgânicos da água.
Lentilha-d’água
Lentilha-d’água
Foto: Canva/Creative Commons
Pequena e delicada, cobre a superfície da água. É eficiente na remoção de fósforo, nitrogênio e metais pesados como chumbo e arsênico.
Saiba-mais taboola
Spirodela polyrhiza
Spirodela polyrhiza
Foto: Canva/Creative Commons
Da família Araceae, é semelhante à lentilha-d’água, mas possui folhas maiores. Tem alta capacidade de absorver nitrato e fosfato — nutrientes que, em excesso, contribuem para a poluição da água.
Papiro
Papiro
Foto: Canva/Creative Commons
Planta típica de áreas alagadas, o papiro tem raízes densas e bem desenvolvidas que atuam como uma malha natural. Além disso, cria um ambiente propício para microrganismos benéficos que ajudam na degradação de poluentes.
Cana-do-brejo/Canna indica
Cana-do-brejo/Canna indica
Foto: Canva/Creative Commons
Além do uso ornamental, essa planta possui raízes com alta capacidade de absorção de nutrientes como nitrogênio e fósforo, que em excesso provocam a eutrofização da água. É comum em jardins alagáveis e sistemas de wetlands construídos.
Taioba-roxa
Taioba-roxa
Foto: Canva/Creative Commons
Espécie típica de áreas úmidas, tem raízes que atuam na remoção de matéria orgânica e nutrientes. Também é usada em projetos de recuperação de áreas degradadas e em jardins filtrantes.
Junco
Junco
Foto: Canva/Creative Commons
Com raízes robustas e rizomas densos, o junco é eficiente na retenção de sólidos em suspensão e na absorção de metais pesados. É uma das espécies mais utilizadas em sistemas de tratamento de águas residuais. Uma pesquisa desenvolvida na Pontifícia Universidade Católica do Perú aponta que o junco pode remover até 90% de cobre e 92% de chumbo de efluentes contaminados.
Lírio-do-brejo
Lírio-do-brejo
Foto: Canva/Creative Commons
Presente em áreas úmidas, suas raízes ajudam a filtrar impurezas da água, além de contribuir para a estabilização de margens de rios e córregos.
Pontederia cordata
Pontederia cordata
Foto: Canva/Creative Commons
Também conhecida como pickerelweed, é uma planta aquática que auxilia na remoção de nutrientes e metais, e fornece abrigo para microrganismos benéficos que complementam o processo de filtragem.