
País tem potencial comparável aos principais produtores mundiais, como a China O cultivo de bambu ainda é pouco conhecido e explorado no Brasil, mas o país tem potencial comparável aos principais produtores mundiais, como a China. Entre 2024 e 2034, o país tem potencial de crescimento de 8,6% ao ano no mercado de bambu, segundo pesquisa realizada pela consultoria Future Market Insights.
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Além do já reconhecido uso no artesanato e mobiliário, há espaço para soluções sustentáveis em outras áreas. É o caso da produção de biochar, bioplásticos, carvão vegetal e uso na construção civil.
Segundo a Embrapa Acre, que estuda a cultura, o clima é propício para cultivo de bambu em todas as regiões do país. O plantio é também uma alternativa para recuperação de áreas degradadas. “Além do potencial econômico, há benefícios ambientais, como regeneração do solo, combate à erosão e captura de carbono”, afirma Hans Jürgen Kleine, presidente da Associação Catarinense de Bambu.
Um pé de bambu se renova durante até 30 anos, ou seja, após a colheita, não é necessário que haja novo plantio. E as plantas rebrotam em curto espaço de tempo e podem crescer até 20 cm por dia.
O Brasil é um dos principais redutos de bambus do mundo, com 302 espécies nativas. O desafio, a partir daí, é selecionar a espécie adequada ao clima da região a ser cultivada e à finalidade desejada. Há bambus mais adaptados a um tipo de clima, como os do gênero Phyllostachys, por exemplo, enquanto os dos gêneros Dendrocalamus e Bambusa gostam de regiões tropicais.
Outro ponto de atenção é que algumas espécies são entouceirantes, com raio de crescimento definido, enquanto outras são alastrantes, formando florestas (motivo pela qual há conhecimento popular de que bambus são plantas “invasoras”).
O Brasil é um dos principais redutos de bambus do mundo, com 302 espécies nativas
Ângelo Pedrotti/Arquivo pessoal
O ideal, para aqueles que estão iniciando o plantio, consultarem associações ou profissionais da área para definição da variedade. Há cartilhas disponíveis na Associação Catarinense de Bambu e um grupo de WhatsApp da Associação Brasileira de Bambu, que reúne produtores de todo o Brasil.
Acompanhe abaixo recomendações apontadas em estudos da Embrapa Acre e da Universidade Estadual de Goiás.
Sobre o Plantio
Para começar:
Como a diversidade de espécies é muito grande, sendo cada uma mais adequada a uma região e finalidade, o ideal é conversar com produtores e agrônomos regionais para definição da planta. Muitos vendem mudas e podem auxiliar nesse processo. O preço das mudas varia entre R$ 10,00 e R$ 100,00.
As espécies são muitas, mas algumas estão entre as mais escolhidas pelos produtores, como é o caso de:
Bambu gigante (Dendrocalamus giganteus) – indicada para fins comerciais, construção civil e biomassa;
Bambu-mossô (Phyllostachys edulis) – bastante utilizado em paisagismo e na culinária (uso dos brotos);
Bambu-açu (Guadua angustifolia) – resistente e utilizado na construção civil;
Bambu listrado (Bambusa vulgaris) – de fácil manejo, indicado para cerca viva.
Propagação
A propagação vegetativa é a mais indicada para a produção de mudas de bambu. Com o enraizamento de segmentos de colmos com nós ou de ramos secundários, é possível multiplicar a planta pelo desmembramento dos perfilhos, que são emitidos de cada muda original.
Para a produção em larga escala, a Embrapa Acre recomenda a utilização da propagação in vitro ou a micropropagação.
As diversas espécies de bambus lenhosos raramente produzem sementes, as quais, quando ocorrem, são de baixa viabilidade germinativa.
Ambiente
Há espécies adaptadas aos diferentes climas, como zonas tropicais, subtropicais ou temperadas. Desta forma, é necessário selecionar variedade que esteja em conformidade com o clima da região.
Plantio
O desenvolvimento da planta é mais acelerado em solos apropriados aos cultivos agrícolas, devendo ser evitadas áreas alagadas ou mal drenadas.
Espaçamento
O espaçamento pode variar um pouco de acordo com a espécie escolhida. De maneira geral, para espécies destinadas para produção de colmos para construção civil, indica-se um distanciamento de 8 X 8 metros entre mudas. Para obtenção de brotos, recomenda-se 5 x 5 metros.
O cálculo do tamanho das covas também deve ser de acordo com cada plantação, apesar de 0,5 x 0,5 x 0,4 metro ser o padrão utilizado.
Adubação
Química ou natural, alinhada com as necessidades do solo local. É indicado incorporar os adubos na aplicação das regas.
Produção
Em média, os bambus começam a produzir aos cinco anos. Cada touceira obtém de cinco a dez colmos em 12 meses, podendo atingir mais de 1.500 por hectare. Eles devem ser retirados anualmente, quando maduros. A extração regular faz com que surjam novas plantas.