
Uma comitiva do Brasil viaja ao México no início da semana para discutir parcerias comerciais, em meio ao tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A missão comercial será liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
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Ao mesmo tempo que mantém sua posição de negociar com a administração de Donald Trump, o governo brasileiro avalia possibilidade de abertura de mercados para redirecionar, pelo menos, em parte, as exportações. E anunciou medidas de socorro a setores e empresas que mais tiveram seus negócios prejudicados pelas tarifas.
Neste fim de semana, ao participar de um evento do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, Alckmin destacou que o tarifaço atinge, atualmente, 36% das exportações do Brasil para os Estados Unidos. Os setores que mais preocupam, segundo o vice-presidente, estão na indústria, entre eles o têxtil e o de máquinas e equipamentos.
Nas relações com o México, entre os setores com potencial de reforçar relações comerciais, estão biocombustíveis, combustível sustentável de aviação (SAF) e agroindústria. “Temos uma corrente de comércio com o México muito significativa”, disse Alckmin, no sábado, conforme o portal G1.
No ano passado, as exportações do agronegócio brasileiro para o mercado mexicano somaram 3,23 milhões de toneladas de produtos, com uma receita de US$ 2,92 bilhões, informa o sistema de estatísticas Agrostat, do Ministério da Agricultura. As vendas, em valor, foram lideradas pelos setores de carnes, complexo soja, produtos florestais, café e complexo sucroalcooleiro.
Exportações do Brasil para o México – Agronegócio/2024
No início de julho, o México retirou o embargo à carne de frango do Brasil, adotado por causa do foco de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. O país é o oitavo principal comprador do produto brasileiro. Até o caso da doença, as vendas vinham em trajetória de crescimento. No acumulado de janeiro a maio deste ano, foram 86,8 mil toneladas, 44,8% a mais que no mesmo período em 2024.
Já a indústria de café solúvel do Brasil tem no México um concorrente no mercado americano. Os mexicanos são o segundo maior fornecedor mundial do produto e, com o tarifaço, podem ocupar um espaço que seria dos exportadores brasileiros. A cadeia do café, de uma forma, geral, ainda tenta entrar na lista de exceções dos Estados Unidos, a exemplo do que ocorreu com o suco de laranja.
No dia 31 de julho, os governos de Donald Trump e de Claudia Scheinbaum acertaram uma pausa de 90 dias na cobrança de tarifas, com a intenção de negociar as relações comerciais bilaterais.
(*com G1 e Agência Brasil)