
A Frescatto, distribuidora brasileira de peixes, exporta cerca de 30% da sua produção para os Estados Unidos. Uma fábrica da companhia localizada no norte do Pará produz pescados exclusivamente para o país, e segundo o CEO, Thiago De Luca, a taxação de 50% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, afeta o setor por completo. “É um problema seríssimo, vai afetar a empresa de uma maneira forte se nada for feito”.
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De Luca explica que, desde que a Europa fechou a porta para o pescado brasileiro em 2017, o país tem os Estados Unidos como principal cliente, e não há viabilidade de achar novos mercados para um produto fresco, com prazo de validade curto. “Precisamos de uma resolução o mais rápido possível, temos empregos em risco, muitas empresas vão parar com mercado americano inviabilizado”.
Thiago De Luca, CEO da Frescatto
Stefano Aguiar
De um total de R$ 300 milhões de exportação, os Estados Unidos representam cerca de R$ 180 milhões, ou 60%, revela De Luca.
Ele afirma que não é simples absorver a produção no mercado nacional, porque existem muitos produtos específicos que tem melhor entrada nos EUA, como lagostas e pargas, sejam pelo sabor ou por ter um valor maior do que o brasileiro está acostumado a pagar.
Neste momento, além de mapear novos destinos, a Frescatto tem conversado diretamente com pescadores, que são os fornecedores diretos da companhia, para equacionar os custos. Sem detalhar, De Luca afirma que já apertou suas margens, mas só deve aguentar a situação por “mais três ou quatro meses”.
Ele destaca que existem cidades pequenas, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo, que dependem diretamente da pesca. “A gente está perto de uma catástrofe humanitária, a pesca é a subsistência desse povo”.
De Luca afirma que o empresariado pede, ao menos, medidas paliativas para conseguirem empurrar o problema até ser resolvido.
Por fim, o empresário mostra preocupação com a concorrência. “Os EUA tem outras opções na América Central inteira. O americano não vai deixar de comer lagosta, pargo, atum, tilápia. Ele vai comprar de outro. Com 50% de taxa, e o Panamá e Caribe com 18%, não temos a mínima chance.”