Unidade de aves e suínos viu seu Ebitda ajustado subir 109%, para R$ 2,5 bilhões A gigante de carnes JBS lucrou R$ 2,92 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um resultado 77,6% maior do que o do mesmo período de 2024. A Seara, unidade de aves e suínos que o grupo controla, foi o principal destaque no período, quando seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) mais do que dobrou e sua margem foi de quase 20%.
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O Ebitda ajustado consolidado da JBS cresceu 38,9% na comparação anual, para R$ 8,9 bilhões, segundo balanço que a empresa divulgou ontem. A receita líquida aumentou 28% no período, para R$ 114,1 bilhões.
Assim, a JBS registrou seu segundo melhor primeiro trimestre da história em 2025. O desempenho contraria o que geralmente ocorre nessa época do ano. Isso porque a demanda costuma ser mais fraca após as festas de fim de ano e, no Hemisfério Norte, o inverno também tende a arrefecer o consumo.
“Temos um aumento de demanda estrutural crescendo no mundo inteiro. Frango está em um momento muito bom, suínos [estão] em momento muito bom”, disse ao Valor o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni.
Restrições na oferta de material genético impedem avanços mais expressivos na disponibilidade de ovos férteis e, por consequência, de aves. Em suínos, a oferta também não tem flexibilidade para grandes saltos. Há ainda surtos de gripe aviária pelo mundo que diminuem a competitividade dos concorrentes do Brasil. “Vejo um ano positivo para aves e suínos”, disse Tomazoni.
Nesse cenário, o Ebitda ajustado da Seara aumentou 109% no primeiro trimestre deste ano, para R$ 2,5 bilhões. A margem Ebitda cresceu 8,2 pontos percentuais, para 19,8%. Já a receita da companhia subiu 22%, para R$ 12,6 bilhões, alta de 22%.
Tomazoni afirmou que a Seara segue em uma trajetória de otimização de processos, com melhoria na gestão de mix de produtos, agregação de valor, inovações operacionais. Com isso, argumentou, ela “conseguiu mitigar os custos com grãos” usados na ração animal, que estão maiores do que os do ano passado.
O cenário também levou ao reajuste de preços dos produtos. “A Seara teve aumento de preço sim, mas esses aumentos de preços foram na maior parte nas vendas internacionais”, disse Tomazoni.
No mercado externo, como um todo, o executivo vê elevação no preço das carnes, mas atrelados à demanda dos compradores. Para o CEO global, ainda não houve efeito significativo da guerra comercial entre Estados Unidos e China, e a diversificação geográfica da JBS permite mitigar os riscos.
Também com atuação na área de frangos, a americana Pilgrim’s Pride, outra controlada da JBS, se sobressaiu no primeiro trimestre com alta de 56% no Ebitda ajustado, para R$ 3,9 bilhões. A margem subiu 3,3 pontos percentuais para 14,8%. Em suínos, a Ebitda da JBS USA Pork caiu 7% para R$ 1,4 bilhão, enquanto a receita aumentou 24%, chegando a R$ 11,7 bilhões.
Na área de bovinos, as operações no Brasil e na Austrália ficaram no azul, ao passo que a JBS Beef North America continuou com resultados mais adversos do grupo em função do ciclo de baixa oferta de gado nos EUA.
O Ebitda ajustado da unidade americana de bovinos ficou negativo em R$ 587,2 milhões, com as margens apertadas, apesar da alta de 36% na receita, a R$ 37,5 bilhões. “Não vemos que esse negócio vai mudar estruturalmente este ano. Talvez comece a mudar no final do ano que vem”, afirmou Tomazoni.
A JBS fechou o primeiro trimestre com queda na alavancagem em dólar de 3,66 vezes para 1,99 vez (dívida líquida/Ebitda), patamar confortável para seguir com os planos de investimento, ressaltou o diretor financeiro e de relações com investidores, Guilherme Cavalcanti.
“Este ano, por estar com essa alavancagem, vamos investir R$ 1 bilhão em manutenção e aumentamos para R$ 1 bilhão o investimento em crescimento no mundo todo. Seara é grande parte desse investimento”, disse ele, acrescentando que o aporte para expansão em 2024 foi de R$ 300 milhões.
Ao mesmo tempo em que divulga resultados positivos, a empresa aguarda a aprovação da dupla listagem, no Brasil e nos EUA, em assembleia marcada para a próxima semana e o início das negociações de ações na bolsa de Nova York (Nyse) em junho