
Brasil poderá pedir aos seus parceiros comerciais o fim da suspensão total ou parcial das importações de produtos avícolas Em comunicado que o governo brasileiro fez à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) na quarta-feira (18/6), o país declarou-se oficialmente livre da gripe aviária. A partir de agora, o Brasil poderá pedir aos seus parceiros comerciais o fim da suspensão total ou parcial das importações de produtos avícolas brasileiros.
A autodeclaração brasileira foi possível porque já haviam se passado 28 dias desde a desinfecção da granja de Montenegro (RS) em que houve o registro do primeiro caso da doença em granja comercial no país. A contagem começou em 22 de maio.
O ciclo de incubação do vírus dura 28 dias. Segundo os protocolos internacionais, caso não surgisse mais nenhum caso nesse intervalo, o Brasil poderia voltar a ser considerado área livre da doença em criações comerciais.
Após a confirmação do surto em Montenegro, dezenas de mercados anunciaram a suspensão total ou parcial da compra de carne de frango e outros produtos avícolas brasileiros, embora alguns já tenham reduzido ou mesmo derrubado os bloqueios. No momento, 21 países seguem com veto a produtos avícolas de todo o Brasil, 20 estão com embargo válido apenas para o Rio Grande do Sul e quatro destinos mantêm restrições a produtos avícolas de Montenegro.
Após a identificação do caso da doença no Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura investigou e descartou outras seis suspeitas de gripe aviária em granjas comerciais. O país confirmou alguns surtos da doença em aves silvestres ou domésticas desde a ocorrência em Montenegro, mas esses casos não interferem nos negócios. Desde 2023, quando identificou a doença em uma ave silvestre, o país já confirmou 174 casos de gripe aviária. Apenas o foco em Montenegro ocorreu em granja comercial.
“Não se comemora uma crise, mas é preciso reconhecer a robustez do nosso sistema sanitário, que respondeu com total transparência e eficiência. Seguimos todos os protocolos, contivemos o foco, e agora avançamos com responsabilidade para uma retomada gradativa do comércio exterior, mostrando a força do serviço sanitário brasileiro”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O ministério já começou a notificar diretamente os países que impuseram restrições temporárias aos produtos avícolas brasileiros sobre o novo status sanitário do país. A Pasta diz que, com as notificações, quer tentar restabelecer o comércio internacional o mais rapidamente possível.
“Chegamos ao fim do vazio sanitário com a conclusão do foco e a autodeclaração do país de que está livre de gripe aviária em granjas comerciais. Isso não apenas fortalece a credibilidade do nosso sistema sanitário como também representa um passo fundamental para a reabertura de mercados e a normalização das exportações”, disse o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Carlos Goulart.
A quarentena já chegou ao fim, mas a vigilância sanitária permanece ativa. As autoridades reforçam que os produtores devem continuar atentos a sinais clínicos em aves, como falta de coordenação motora, morte súbita, diarreia e queda na produção de ovos, e comunicar qualquer suspeita aos órgãos oficiais imediatamente.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) comemorou a autodeclaração do Brasil como país livre de gripe aviária. Segundo o presidente da entidade, Ricardo Santin, esse é um passo definitivo para agilizar as negociações para o país restabelecer suas exportações.
“No momento em que dezenas de nações, incluindo todas as grandes produtoras de aves, enfrentam problemas e ocorrências em suas respectivas produções, nós superamos a única ocorrência de toda a história da avicultura do Brasil, que é o maior exportador e o segundo maior produtor mundial de carne de frango”, afirmou Santin, em nota. “Estamos confiantes no rápido restabelecimento da normalidade no fluxo dos embarques e no reforço de nosso papel em prol da segurança alimentar global”, acrescentou.
Também na quarta-feira, Goiás finalizou a vistoria de controle emergencial da gripe aviária em 194 propriedades. O Estado desinfectou 22 mil metros quadrados e orientou 1,5 mil pessoas na região de Santo Antônio da Barra, onde ocorreu um caso da doença em granja de subsistência. (Colaborou Isadora Camargo)