A colheita de trigo no Paraná já ultrapassou 92% da área plantada e deve atingir 2,75 milhões de toneladas nesta safra, segundo o coordenador da Divisão de Conjuntura do Departamento de Economia Rural (Deral), Carlos Winckler Godinho.
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De acordo com Godinho, as chuvas das últimas três semanas dificultaram o avanço dos trabalhos no campo. Mesmo assim, “os períodos de sol, apesar de não terem sido extensos, foram suficientes para avançar na colheita”, afirmou.

As precipitações afetaram especialmente as regiões oeste e sudoeste do Estado, onde houve queda na qualidade dos grãos que estavam próximos da maturação, com redução do pH e problemas de força do glúten. Segundo o Deral, não foi observada incidência significativa de doenças nas lavouras.

Mesmo com esses impactos, “foi uma safra que cumpriu a sua missão. Mesmo com problemas pontuais de secas, geadas e chuvas, tem uma produtividade dentro do esperado inicialmente”, avaliou Godinho. A produtividade média deve ficar em torno de 3.370 quilos por hectare.

O coordenador acrescentou que os problemas de qualidade devem ser compensados por outras regiões do Estado, sem necessidade de aumento nas importações. O Deral estima que o Paraná precisará de 1,7 milhão de toneladas suplementares para atender à demanda da moagem, volume que deve vir principalmente da Argentina.

Atualmente, a colheita avança na região sul do Estado, considerada mais tecnificada e que não enfrentou os mesmos prejuízos causados pela chuva. Para os próximos cinco dias, há previsão de novas precipitações, mas a estiagem de cerca de três dias nesta semana permitiu que os produtores acelerassem os trabalhos.

A expectativa é que a colheita alcance 99% da área total nas próximas três semanas.

Colheita gaúcha atrasada

A colheita do trigo no Rio Grande do Sul avançou de 42% para 60% da área semeada, segundo levantamento da Emater/RS-Ascar divulgado nesta quinta-feira (13/11). A área total cultivada com trigo no Estado é estimada em 1,1 milhão de hectares.

O ritmo foi acelerado no período para antecipar a retirada das lavouras maduras antes das chuvas e ventos intensos dos últimos dias. Apesar do avanço, o percentual continua abaixo da média dos últimos cinco anos, que, nessa mesma época, chegava a 77%.

Conforme o relatório, a colheita segue o padrão histórico: mais adiantada na região noroeste, onde se aproxima de 80% da área, e mais lenta na região nordeste, com 5%, devido ao plantio e ciclo mais tardios.

A produtividade média estadual é de 3.261 quilos por hectare, considerada satisfatória, embora haja grande variabilidade entre as lavouras em razão das diferenças de manejo, do nível tecnológico e da ocorrência localizada de intempéries. A qualidade dos grãos é, em geral, adequada, com pH atendendo aos padrões de comercialização.

Entretanto, em áreas recentemente colhidas, as chuvas frequentes e prolongadas provocaram redução no pH e início de germinação nas espigas, comprometendo a qualidade industrial do produto. A Emater também registrou focos pontuais de doenças de espiga, como giberela e brusone, em condições de alta umidade.

O valor médio, segundo o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, decresceu 3,36% quando comparado à semana anterior, passando de R$ 59,15 para R$ 57,16.

Apesar do aumento, produtores afirmam que os preços seguem em patamares baixos. “Estimamos que a safra de trigo no Estado passe de 3,7 milhões de toneladas. Infelizmente, o preço é muito ruim e o produtor está decepcionado com a renda e o resultado desta colheita. É provável que tenhamos redução de área no próximo ano, o que é uma pena”, disse o presidente da Conselho da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires.

Pires afirmou que o produtor que usou mais tecnologia obteve melhor produtividade, embora ainda abaixo do que esperava. “Muitos tinham a expectativa de colher 70 ou 80 sacos por hectare, mas esse resultado ficou comprometido. O baixo uso de tecnologia foi o grande fator desta safra. O produtor trabalhou, digamos, em legítima defesa. Ele considera importante manter a cultura, acredita que é uma lavoura fácil de conduzir no Rio Grande do Sul e, por isso, optou por realizá-la com baixa tecnologia, o que, em todos os sentidos, não é o ideal”, disse.