Conab projeta uma “safrinha” de 101 milhões de toneladas do cereal, 12% a mais que em 2023/24 A colheita da segunda safra de milho começa com expectativa de oferta elevada e baixa das cotações, pelo menos, até agosto. A entrada da safra nova deve pesar mais, em um primeiro momento, do que a demanda pelo cereal, puxada pelas indústrias de etanol e de carnes e ovos.
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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma “safrinha” de 101 milhões de toneladas do cereal, 12% a mais que na segunda safra 2023/24. Consultorias privadas estimam um volume ainda maior, em torno de 113 milhões de toneladas.
Ao todo, mais de 128 milhões de toneladas de milho devem sair das lavouras do Brasil na temporada 2024/25. É a segunda maior safra da história, atrás apenas de 2022/23, com 131,8 milhões de toneladas.
A Conab estima exportação de 34 milhões de toneladas e consumo doméstico de 89,3 milhões de toneladas. O Brasil deve terminar a safra com 8,4 milhões de toneladas em estoque, mais do que na temporada anterior.
Glauber Silveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), não demonstra surpresa a pressão sobre os preços. Afirma que a queda é normal, pois o clima ajudou o Brasil a ter uma safra cheia. O que preocupa é a falta de armazéns, que pressiona o produtor a vender por não ter onde estocar o cereal.
Na sexta-feira (13/6), o milho valia R$ 67,61 a saca de 60 quilos em Campinas (SP), conforme o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Até então, a parcial do mês de junho acumulava baixa de 1,94%. Na segunda-feira (16/6), a referência caiu para R$ 67,50 a saca.
O mercado espera o aumento da mistura de etanol na gasolina, de 27% para 30%, medida já prevista na composição de demanda para este ano. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sinalizou que o Conselho Nacional de Política Energética pode aprovar o novo percentual ainda neste mês.
No exterior, o bom desempenho da safra dos Estados Unidos e o aumento da produção na Europa são fatores adicionais de pressão sobre os preços do cereal. De outro lado, a guerra entre Irã e Israel surge como um ponto de incerteza para a economia global e os mercados de commodities.
Para Glauber Silveira, os preços do milho no Brasil devem reagir apenas entre outubro e novembro. “Tem demanda maior que a oferta mundial. Nesse momento, há queda porque o mercado interno tem pressão. No exterior, já houve negociação”, diz.
Sorriso (MT) abre oficialmente a colheita
Nesta quarta-feira (18/6), a colheita da safra de milho terá sua abertura oficial, na Fazenda Dois Irmãos, do Grupo ABF, em Sorriso (MT). Os participantes do evento discutirão temas importantes para o setor, como a Moratória da Soja, o cenário para a atividade agropecuária no Brasil e o direcionamento do milho para a produção de biocombustíveis. O encontro é promovido pela Abramilho.
Mas as colheitadeiras já estão no campo. Em Mato Grosso, o Instituto de Economia Agropecuária do Estado (Imea) estima que as máquinas percorreram 7,2% dos 7,13 milhões de hectares.
O Estado tem a expectativa de colher 50,3 milhões de toneladas de milho na safra 2024/25, alta de 3% em relação à anterior (48,7 milhões de toneladas). É quase metade do esperado em todo o país. O Imea prevê um rendimento médio de 117,7 sacas por hectare.
Pouco mais da metade da safra prevista (51,05%) foi vendida até 9 de junho a um preço médio de R$ 44,43 por saca. A cotação apurada pelo instituto no Estado, para o produto disponível, está em R$ 40,50 por saca de 60 quilos.
Onde está a segunda safra de milho?
Em todo o país, nove Estados cultivam milho na segunda safra. A colheita atingiu, até o fim da semana passada, apenas 3,9% da área. Nessa mesma época, no ano passado, eram 13,1%. Maranhão e Tocantins estão mais avançados. Goiás, São Paulo e Piauí ainda não tinham iniciado até 14 de junho, de acordo com o boletim mais recente de Progresso de Safra da Conab.
Sorriso, sede da abertura oficial da colheita, é considerada a capital nacional do agronegócio, com Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário de R$ 8,3 bilhões, em 2023, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O município é o maior produtor de milho do país. A safra 2024/25 foi plantada em 500 mil hectares e deve render mais de 3 milhões de toneladas.