
Excesso de chuvas em algumas áreas agrícolas do país também motivou alta nas cotações do milho e trigo O excesso de chuva em algumas áreas agrícolas dos EUA está jogando pressão de alta para os grãos negociados na bolsa de Chicago. Com investidores antecipando uma possível perda de produtividade da soja nos EUA, os contratos para julho avançaram 0,52% nesta sexta-feira (6/6), para a US$ 10,5725 o bushel.
+Veja mais cotações na ferramenta da Globo Rural
Para Luiz Fernando Roque, coordenador de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets, mesmo com o aumento das chuvas em áreas produtoras de grãos dos EUA, o clima ainda não é um grande problema para as safras. Ainda assim, ele gera muita especulação para o desenvolvimento das lavouras no ciclo 2025/26.
“O mercado passa a precificar tudo o que acontece na safra americana. Com esse clima adverso, ele entende que talvez o USDA [Departamento de Agricultura dos EUA] tenha ‘esticado muito a corda’ ao prever uma produtividade recorde para a soja, e que talvez tenhamos alguns cortes nesses números no futuro”, afirma.
Roque destaca que os mapas de clima para os próximos dias mostram grandes quantidades de chuva em áreas agrícolas nos EUA, cenário que não traz prejuízos para as expectativas com a produção.
Já no longo prazo, a soja pode se valorizar ainda mais em Chicago, ao analisar as questões de oferta.
“Olhando para o segundo semestre podemos ter preços no campo positivo. Mesmo com previsão de produtividade em alta, os estoques nos EUA estão menores [nesta safra], e caso tenha algum problema climático, o USDA pode reduzir ainda mais esse volume”, observa o analista da Hedgepoint.
Milho
O preço do milho segue em alta em Chicago, com a continuidade das incertezas sobre o plantio da safra 2025/26 nos EUA. Os contratos para julho subiram 0,68%, cotados a US$ 4,4250 o bushel.
Para Luiz Fernando Roque, da Hedgepoint Global Markets, alguns produtores americanos podem não concluir o plantio da safra 2025/26.
“Alguns Estados estão com a semeadura em atraso e a janela ideal para a instalação já se fechou. Tanto é que já se cogita a possibilidade de migração de área para a soja, especialmente em Iowa e Indiana”, diz.
Diferentemente da soja, com projeções de preços mais altos para a segunda metade do ano, o cenário para o milho é o oposto, de acordo com Roque.
“Existe um ambiente de pressão para o milho cair ainda mais em Chicago. Temos estimativa de produção e produtividade recordes [nos EUA]. Mesmo com alguns problemas, o tamanho da área e o aumento dos estoques criam esse quadro de baixa para o milho no segundo semestre”.
Trigo
O trigo seguiu negociado com preços mais altos na bolsa de Chicago, também respodendo ao quadro climático adverso para as lavouras nos EUA. Os contratos para julho fecharam em alta de 1,70%, a US$ 5,5475 o bushel.
Segundo análise da T&F Consultoria Agroeconômica, o trigo se valorizou devido ao excesso de chuva no sul das Grandes Planícies dos EUA. Essa condição de clima, além de desacelerar o ritmo da colheita de inverno, poderia prejudicar a qualidade dos grãos.
Em relação ao trigo da primavera, a T&F destacou que a má condição das culturas continua sendo um motivo de preocupação para o mercado.