A Clealco, grupo sucroalcooleiro que está em recuperação judicial, registrou uma queda em seu lucro líquido de 67,2% na safra 2024/25, para R$ 170,4 milhões. Apesar da diminuição, a companhia ressaltou que foi seu quinto resultado positivo em cinco safras.
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A empresa equacionou a maior parte de sua dívida em maio de 2023, quando acertou um financiamento DIP, através da emissão de debêntures conversíveis em ações, de R$ 260 milhões para pagar dívidas com Itaú, Santander e BofA, que então representavam 90% de seu endividamento.
A dívida líquida da Clealco terminou a safra passada em R$ 233,9 milhões, queda de 43% na comparação com a temporada anterior. Embora a maior parte de suas obrigações financeiras tenham sido equacionadas, a companhia continua formalmente em recuperação judicial.
Na safra passada, os resultados foram afetados em grande parte pela seca e pelas queimadas, que provocaram uma queda na moagem de cana-de-açúcar e na produção de açúcar e etanol. Segundo a empresa, a quebra de safra nos canaviais que atendem suas usinas em Clementina (SP) e Queiroz (SP) foi de 20%, em comparação a uma quebra média de 11% no Centro-Sul.
A Clealco processou 12% menos cana do que na safra anterior, somando 5,8 milhões de toneladas. A produção de açúcar VHP caiu 16%, para 471 mil toneladas, enquanto a fabricação de etanol hidratado recuou 9%, a 169 milhões de litros. Como resultado, a receita líquida cedeu 16%, para R$ 1,719 bilhão.
“O cenário climático fez da safra 2024/25 uma das mais desafiadoras dos últimos tempos, com impactos relevantes na qualidade e volume de matéria-prima. Isso exigiu um alto nível de empenho na diversificação de estratégias operacionais, financeiras e comerciais que garantiram à companhia enfrentar este período com resiliência, mantendo os investimentos em canaviais e reduzindo significativamente o passivo”, afirmou Gustavo Henrique Rodrigues, CEO da Clealco, em nota.
Renegociação
A empresa compensou parte das dificuldades operacionais com a renegociação de suas dívidas de ICMS com o governo de São Paulo que já estavam inscritos na dívida ativa do Estado. O acordo perdoou os juros de mora e concedeu um desconto de 50% no valor devido, além de ter permitido que a Clealco usasse precatórios e créditos acumulados de ICMS para quitar até 75% da dívida.
Com isso, a dívida da empresa com ICMS, que era de R$ 323,5 milhões, teve um abatimento de R$ 228,2 milhões, resultando em uma dívida residual de R$ 42,3 milhões, parcelados em cinco anos.
No lado financeiro, a variação cambial pesou sobre o resultado financeiro contábil, que ficou negativo em R$ 12,2 milhões, em comparação com um resultado financeiro positivo na safra anterior de R$ 574,1 milhões.