O Ceará será o principal estado afetado pelas tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. Isso porque 44,9% de todas as exportações do Ceará vão para o país norte-americano, conforme levantamento da Folha de S.Paulo feito a partir de dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
O principal destaque é o segmento de ferro fundido e aço, mas a tarifa também deve afetar fortemente o segmento de peixes, crustáceos e moluscos – nesse setor, o Brasil exporta 60,8% dos produtos para os Estados Unidos e, do total vendido, 24% vem apenas do Ceará.
No ranking, depois do Ceará (que tem 44,9% das exportações direcionadas aos EUA), também se destacam o Espírito Santo (28,6%), a Paraíba (21,6%), São Paulo (19%), Sergipe (17,1%) e Rio de Janeiro (16,2%). Já os estados com menor proporção de vendas para os Estados Unidos são Roraima (0,3%), Mato Grosso (1,5%), Distrito Federal (2,6%), Tocantins (3%) e Piauí (3%).
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“Nós temos produtos que são vendidos para os Estados Unidos de alta relevância para a nossa economia. Estamos falando de laminados de aço, que é R$ 1,2 bilhão por ano. Estamos falando de frutas, um imenso mercado de mais de 500 milhões de dólares por ano, fora dos outros estados que escoam aqui pelo estado do Ceará. Então o impacto é grande. Gigantesco”, pontua o especialista em comércio exterior Augusto Fernandes.
Além do impacto econômico, a tarifa deve pressionar a inflação e elevar o valor do dólar, o que pode encarecer o consumo no Brasil e comprometer a geração de empregos nos setores de exportação. “Tudo é dolarizado, tudo que existe no mundo material é dolarizado. Então o impacto para quem é o consumidor final, que somos nós a população, é gigantesco”, diz ainda Fernandes.
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Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou a tarifa como resposta a decisões judiciais brasileiras contra redes sociais americanas, consideradas por ele como “censura”, além de criticar a investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará, Domingos Filho, afirmou que ainda não é possível medir os impactos da tarifa na economia local, ressaltando a importância da diplomacia federal para a resolução do conflito.
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