
A carteira ampliada de agronegócios do Banco do Brasil recuou 0,3% no segundo trimestre de 2025 ante o período anterior, de R$ 406,2 bilhões para R$ 404,9 bilhões, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (14/8). É a primeira retração desde junho de 2023.
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O BB também cortou o guidance (meta) de crescimento da carteira de agro para o ano. Antes, o incremento previsto era entre 5% e 9%. A revisão passou a expectativa para o intervalo entre 3% e 6% em 2025. Nos últimos 12 meses, a carteira cresceu 8%.
A inadimplência, por outro lado, voltou a crescer e chegou a 3,49% da carteira, cerca de R$ 12,7 bilhões. O dado considera pagamentos em atraso de mais de 90 dias. Há um ano, o índice estava em 1,32%, patamar considerado dentro da normalidade para o setor.
A maior parte da inadimplência está nas operações de custeio, cujo índice passou de 1,03% em junho de 2024 para 3,37% no mesmo mês de 2025. Parcelas atrasadas há mais de 30 dias já são 5,53% da carteira de crédito agrícola do BB (R$ 20,2 bilhões) ante 4,11% em março deste ano.
Nesta quinta-feira, o BB também confirmou ao mercado a aprovação de Gilson Bittencourt pelo conselho de administração para exercer o cargo de vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar, conforme antecipado pela reportagem.
Plano Safra
Nos dados divulgados na quinta-feira, o BB revelou que desembolsou R$ 225,8 bilhões no Plano Safra 24/25, finalizado em junho. Foram R$ 192,9 bilhões em crédito e R$ 32,9 bilhões desembolsados na cadeia de valor do agro. “O BB mantém-se historicamente como o principal agente financeiro do agronegócio no país, contribuindo de forma expressiva para o atendimento da demanda de crédito do segmento”, disse, em nota.
Houve, no entanto, uma redução de 1,7% na comparação com o desempenho da safra anterior (2023/24), de R$ 229,7 bilhões. Conforme dados do Banco Central, em junho, o BB detinha 49,4% de participação nos financiamentos destinados ao setor. No crédito direto ao produtor rural (participação de mercado no crédito agro pessoa física), a participação de mercado é de 56,5%.
Para o Plano Safra 25/26, a expectativa é desembolsar até R$ 230 bilhões, dos quais R$ 54 bilhões serão destinados a pequenos e médios produtores, R$ 106 bilhões atenderão a agricultura empresarial, incluindo grandes produtores, cooperativas e agroindústrias.
Houve um leve recuo também na emissão de Cédulas de Produto Rural (CPR) e garantias. De acordo com o balanço, o estoque passou de R$ 33,4 bilhões para R$ 33,3 bilhões. O saldo de Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) saiu de R$ 7,2 bilhões para R$ 6,6 bilhões na comparação dos dois primeiros trimestres de 2025. Em junho do ano passado, eram R$ 10,2 bilhões.
Perdas esperadas
O balanço do BB foi impactado pela regra contábil prevista na resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) 4.966/2021, em que obriga um provisionamento maior de ativos sob risco de inadimplência, ou seja, de “perda esperada”.
No segundo trimestre, a maior parte do fluxo de perda esperada é do agronegócio: passou de R$ 5,1 bilhões no primeiro trimestre para quase R$ 7,9 bilhões no período encerrado em junho. Ao todo, a perda esperada no agro, nos três estágios considerados, chega a R$ 26,2 bilhões.
O custo do crédito no BB, formado pelas despesas de perda esperada somada aos descontos concedidos e deduzidas das receitas com recuperação de crédito, alcançou R$ 26,1 bilhões no semestre encerrado em junho, explicou o banco em material divulgado.
“A linha foi influenciada, principalmente, pela continuidade da dinâmica agravada da carteira de agronegócios cuja inadimplência alcançou 3,49%. Apesar do cenário positivo para a safra no Brasil em 2025, com uma colheita recorde, e do elevado percentual de garantias nessa carteira, há um estoque de operações que não foram pagos na safra 2024/2025, inclusive, por conta das recuperações judiciais no setor – que exigem maior provisionamento sob a nova regulação”, justificou o BB.
O spread gerencial de crédito para o agronegócio voltou a crescer e atingiu 4%, mesmo assim é o menor do banco.