
A Cargill pode assumir uma participação na Vicentin, exportadora argentina de soja que passa por dificuldades financeiras. É o que noticia a Bloomberg, com base em informações anônimas de pessoas familiarizadas com a negociação. De acordo com a reportagem, a trading americana teria recebido uma proposta para se associar à Grassi S.A., que tem interesse em ativos da Vicentin.
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A companhia argentina já foi considerada uma “joia da coroa” na cadeia produtiva de soja. Até que, há cinco anos, entrou com um pedido de recuperação judicial. A lista de credores tem centenas de agricultores e armazenadores de grãos em todo o cinturão agrícola do Pampa.
Os ativos da empresa incluem uma participação de 33% na maior planta de soja do mundo, em Timbués, no Rio Paraná, com capacidade de processar até 30 mil toneladas da oleaginosa por dia. Também tem um terminal de soja e uma planta industrial de processamento de girassol.
Esses ativos estão em disputa no processo de recuperação, destaca a Bloomberg. A Grassi é uma das concorrentes que, em breve, apresentarão propostas para reestruturar US$ 1,3 bilhão em dívidas e retomar as operações. Outros interessados são Bunge – que detém os outros 67% de participação em Timbués – e a Louis Dreyfus (LDC), em conjunto com a Molinos Agro, outra trading local.
A agência informa, com base em pessoas que pediram a condição de anonimato, que, se a Grassi conseguir o controle da Vicentin, pretende ter a Cargill como parceira. A Cargill, por sua vez, confirma apenas que está em negociações, ainda preliminares, para explorar uma parceria comercial.
Bunge e LDC não comentaram o assunto, conforme a reportagem. A Molinos informou que está trabalhando para fazer uma proposta pelos ativos da Vicentin.
A Bloomberg informa ainda que a Grassi pode ter vantagens nas negociações. A empresa entrou na Justiça contra o proprietário da Vicentin, que negociava uma operação de resgate com a Bunge. Os juízes consideraram a operação inconstitucional e determinaram a abertura para propostas de outros concorrentes. A contraparte recorreu à suprema corte do país.
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Outro ponto favorável à Grassi é ter mantido, no ano passado, negociações com a Cima Investments, que comprou de um grupo de bancos o equivalente a 35% da dívida sem garantias da Vicentin. Com essa participação, a companhia pode vetar qualquer acordo que não considerar vantajoso.
Ainda conforme a reportagem, a concorrência entre as tradings, uma operação chamada de redução forçada, é vista como a “reta final” de um processo que chegou a considerar até uma nacionalização dos ativos da Vicentin. Pelas regras, a proposta deve ser aprovada por mais da metade dos credores que detêm pelo menos dois terços da dívida. O passo seguinte é o envio para um juiz de falências para aprovação.