O Canadá anunciou nesta semana a retirada das restrições impostas à importação de carne de aves do Brasil em função do caso de gripe aviária registrado em maio deste ano em Montenegro (RS). Os canadenses eram os últimos a manter barreiras comerciais, seis meses após a declaração oficial de encerramento do foco da doença.
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Com isso, o ano será encerrado com todos os mercados para o frango brasileiro abertos, destacou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua.
“Passados seis meses do encerramento oficial do caso, todos os países liberaram as exportações do Brasil, sem restrições. Nenhum país que enfrentou focos da doença conseguiu a reversão das barreiras em tão pouco tempo”, comemorou o secretário. Argentina, Estados Unidos e vários países da Europa seguem com bloqueios em suas exportações por conta da doença.
Segundo Rua, o Brasil agiu com rapidez nas ações de controle e contenção do foco e com transparência na relação com países importadores, o que ajudou a reverter o quadro. Como o vírus não se espalhou para outras granjas e não houve mais focos, o país reconquistou o status sanitário rapidamente e tirou as dúvidas técnicas e pontuais dos compradores.
Logo após a identificação do caso, mais de 30 países suspenderam totalmente as importações de carne de aves do Brasil, entre eles os principais compradores, como a China. Aos poucos, algumas nações regionalizaram as barreiras apenas para o Rio Grande do Sul, o município de Montenegro ou a área próxima à granja onde o foco foi detectado.
“Fizemos a lição de casa na contenção do foco. O vírus entrou na granja, mas não saiu, diferentemente dos Estados Unidos e Europa, onde se alastrou rapidamente”, afirmou. “As medidas foram sendo tomadas de maneira correta, mostrando que o plano de contenção funcionou nesse caso empírico e houve um trabalho fundamental de comunicação e transparência, o Brasil disse exatamente o que estava fazendo, respondeu a uma infinidade de questionários”, completou.
O questionário do Canadá foi o mais “duro”, por isso a “demora” para a reabertura, disse Rua. O foco de gripe aviária de alta patogenicidade foi detectado em 15 de maio, em uma granja comercial em Montenegro (RS). Após as medidas de contenção, o episódio foi encerrado e o Brasil obteve o reconhecimento do status de livre da doença pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em 25 de junho.
“Se não fosse o Canadá, todos os mercados já teriam retornado em cinco meses. Com isso, começamos 2026 com todos os mercados abertos e boas expectativas”, disse.
Ele ressaltou que, mesmo com as suspensões durante o ano, o desempenho das exportações em 2025 deve ser semelhante ou até melhor que o de 2024. “A China, que é destino de quase 15% do frango, ficou fechada por mais de seis meses e mesmo assim as exportações cresceram. É um fato de outro mundo”, avaliou.
As projeções mais recentes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) são de que as exportações de carne de frango devem crescer até 0,5% em 2025, com embarque de 5,3 milhões de toneladas. Em 2026, as vendas podem chegar a 5,5 milhões de toneladas, incremento de 3,4%.
A entidade comemorou a conclusão do processo de recuperação do fluxo comercial internacional após a ocorrência da influenza aviária na produção comercial brasileira. “A reabertura do Canadá conclui um processo exemplar de gestão sanitária e diplomática. O Brasil atuou com transparência, rigor técnico e agilidade. Demonstrou a solidez do seu sistema de defesa agropecuária e a maturidade das suas relações internacionais”, destacou o presidente Ricardo Santin.
A associação disse que a medida “reforça a confiança internacional no sistema sanitário brasileiro” e confirma a capacidade do país de gerenciar eventos sanitários de forma técnica, responsável e alinhada às normas internacionais. “Isso garante previsibilidade, estabilidade e segurança ao comércio global de proteína animal”, completou a ABPA, em nota.
China

Com o episódio de gripe aviária encerrado, o Ministério da Agricultura tenta reverter as barreiras que a China mantém para os oito frigoríficos de carne de aves do Rio Grande do Sul por conta do caso da Doença de Newcastle ocorrido em Anta Gorda, em julho de 2024.
“Esperamos resolver no começo do ano”, disse Rua. As últimas informações foram enviadas aos chineses em 10 de dezembro, contou o secretário, que tem viagem marcada para a China no fim de janeiro de 2026.
Nesta semana, foi confirmado um foco de gripe aviária de alta patogenicidade em Cuiabá (MT). O Japão fechará temporariamente as importações de carne de aves do município. Rua ressaltou a importância da regionalização das restrições negociada ao longo do ano com os japoneses. Antes, as suspensões atingiriam todo o Estado.