
A taxa média dos spreads cobrados pelas 25 instituições financeiras que vão operar empréstimos de crédito rural com recursos equalizados caiu levemente, de 3,18% no Plano Safra 24/25 para 3,13% na temporada atual, a 2025/26.
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Houve ainda um freio nos custos de captação dos recursos e aumento dos juros aos produtores. Como resultado, o gasto orçamentário do governo ficou menor, e a conta da escalada da Selic acabou sendo dividida com os demais atores financeiros.
Em algumas linhas específicas, que têm saldos equalizáveis maiores, prazos mais longos e consomem mais orçamento para subvenção, houve quedas mais acentuadas nos spreads, de acordo com informações da portaria que autorizou o pagamento da equalização do Plano Safra 2025/26, publicada na última segunda-feira (14/7).
O recuo foi forçado por regras estabelecidas pela equipe econômica para a distribuição dos limites equalizáveis e vai ajudar o governo a diminuir o custo orçamentário da equalização no ciclo 2025/26. Na temporada passada, sem esses critérios e com riscos elevados no sistema financeiro diante de perdas no campo por causa do clima, as instituições aumentaram os spreads.
Na outra ponta, apenas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá custo de captação da fonte de recursos de algumas linhas acima da Selic (102%). Em compensação, a instituição não aplicará mais a Taxa de Longo Prazo (TLP), que está mais cara, na origem desses valores.
Na safra 2024/25, alguns agentes apresentaram custos de 110% e 115% da Taxa Média Selic anualizada (TMS) e mesmo assim receberam saldos. Para 2025/26, o governo também limitou o avanço desses custos ao teto da Selic.
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Em uma terceira via, os juros finais aos produtores subiram e ficaram, em média, em 9,32%, com variações entre 0,5% para a agricultura familiar e 14% para a empresarial. As taxas subiram até 2,5 pontos percentuais ante a safra passada, no caso de linhas de crédito para cooperativas em relação ao ciclo passado.
No conjunto da obra, o custo do Plano Safra 25/26 ficou menor. Serão R$ 13,5 bilhões ao longo de vários anos, sendo que o impacto imediato, nos seis meses de 2025, será de R$ 1,3 bilhão, sem necessidade de suplementação. O governo considera que conseguiu “repartir” a conta dos impactos da alta da Selic no crédito rural entre agentes financeiros, produtores rurais e a União, sem pesar muito para nenhum dos lados.
A equalização corresponde ao diferencial das taxas entre o custo de captação de recursos, acrescido dos spreads dos agentes, e os juros cobrados do tomador final do crédito rural.
O Banco do Brasil, que vai operacionalizar mais de R$ 58 bilhões em financiamentos com equalização, reduziu seus Custos Administrativos e Tributários (CAT), como é chamado o spread, em quase todas as linhas. Investimentos do Pronaf nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste terão índice de 3,8% — no ciclo anterior ficou em 4,5%.
Na linha de comercialização para todo o país, o recuo foi de 1,25 ponto percentual, para 4,25%. No Moderfrota, principal programa para compra de máquinas, a taxa saiu de 3,5% para 3,35%. Os custos das fontes, que em 2024/25 eram 100% da TMS, ficaram em 96% da Selic.
No BNDES, que contará com R$ 39,7 bilhões equalizados, a principal mudança nos spreads foi nas linhas de custeio empresarial, que caíram de 4,9% para 3,8%. O banco, por outro lado, mudou a origem dos recursos e o custo dessas fontes. Em 2025/26, vai aplicar mais de R$ 10 bilhões captados via Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Já o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que era a principal fonte utilizada, perdeu espaço.
O Sicredi, que terá o terceiro maior saldo de recursos equalizáveis entre as 25 instituições financeiras, de R$ 25 bilhões, reduziu o spread em linhas como PCA e RenovAgro. O Sicoob tem o menor índice nominal de CAT, na linha de investimento do Pronamp, de 0,58%. Por outro lado, aumentou a cobrança de spread no Moderfrota, de 2,32% para até 3,35%.
Já a Caixa, por exemplo, reduziu os spreads cobrados no Moderfrota a grandes produtores, de 5,41% para 3,35%, e para os médios produtores de 4,22% para 2,9%.