
A Brasilagro iniciou a safra 2025/26 com resultados mais fracos. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 64,28 milhões no primeiro trimestre fiscal, encerrado em setembro, influenciada pela ausência de ganhos com venda de fazendas — que haviam impulsionado o resultado do mesmo período do ano anterior — e pelo desempenho mais fraco de algumas culturas, especialmente cana-de-açúcar. Um ano antes, a empresa havia reportado lucro líquido de R$ 97,46 milhões.
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No trimestre, a receita líquida somou R$ 303 milhões, abaixo da registrada em igual intervalo de 2024/25, quando o resultado foi beneficiado pela venda das fazendas Alto Taquari e Rio do Meio, que juntas somaram R$ 107,9 milhões. Atualmente, a Brasilagro tem 252,8 mil hectares em produção, divididos em seis estados. Desse total, 188,73 mil são áreas úteis, sendo 63% próprias e 37% arrendadas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou negativo em R$ 3,4 milhões, ante resultado positivo de R$ 141,09 milhões no mesmo trimestre do ano anterior.
Como ponto positivo, o CEO André Guillaumon destacou a estratégia de carregar soja para o segundo semestre de 2025 (ano comercial), o que se mostrou acertado. “Não vendemos com basis (prêmios) negativos. Ao contrário, conseguimos pegar prêmios entre US$ 0,50 e US$ 1 o bushel. Carregamos 120 milhões de toneladas de soja e ainda faltam vender 45 milhões da safra 2024/25”, afirmou.
Não fosse isso, o resultado seria mais fraco porque tradicionalmente, é o trimestre é de baixa movimentação comercial. “Nesse período, só entra cana, cultura que enfrentou desafios climáticos e operacionais, como déficit hídrico, geadas em Brotas (SP), pragas em Mato Grosso e uma queimada na Fazenda São José (MA)”.
A queda de 19% no volume de cana comercializada foi um dos principais fatores que afetaram o desempenho trimestral. A margem bruta da cana caiu 8 pontos percentuais, para 14%.
O algodão em pluma também teve contribuição negativa, com margem bruta negativa de 16%, reflexo da queda de 21% no preço unitário e da liquidação de volumes com qualidade inferior. A pecuária registrou margem negativa de 3%, impactada por ajustes no rebanho.
Em contrapartida, o feijão teve alta de 54 pontos percentuais, sustentado pela valorização de 51% no preço unitário, enquanto o milho recuperou rentabilidade com aumento de preços e redução de custos.
Mesmo com maior volume de soja, algodão e feijão vendidos, a receita total caiu em razão da menor contribuição da cana e da queda de 6% no preço da soja. A margem bruta consolidada manteve-se em 30%, em linha com o observado um ano antes.
O custo dos produtos vendidos caiu 3%, acompanhando o menor volume de cana comercializada. As despesas com vendas subiram 10%, enquanto as despesas gerais e administrativas recuaram 9.
O CFO Gustavo Lopez explicou que o Ebitda do ano passado estava inflado pela venda de fazendas, e ao retirar esse efeito, o desempenho operacional fica semelhante. “O resultado final parece um espanto, mas dentro do número há muitas estimativas de sacas de soja para receber, é a marcação a mercado. Do ponto de vista operacional e de fluxo de caixa, o volume de soja vendido foi parecido com o do ano anterior, até com melhor margem.”
A marcação a mercado dos recebíveis de soja teve um impacto de R$ 40 milhões no resultado da empresa, refletindo a queda no preço médio da oleaginosa, de R$ 140,29/saca em junho para R$ 128,48/saca em setembro.
Guillaumon ponderou que é equivocado avaliar o agronegócio com base em um único trimestre. “Tirar foto de um momento em um setor cíclico como o agro é muito ruim, não é a realidade. Parte das recuperações judiciais que estamos vendo é porque tiraram foto em um momento bom do agro. Agro é filme, não foto, e o filme é lindo, em um país que passou de uma produção de 65 milhões de toneladas para 300 milhões de toneladas de alimentos em poucos anos.”
Sobre as recuperações judiciais, o executivo afirmou que podem gerar uma oportunidade para os produtores e empresas que estão capitalizados comprarem terras. “O nosso lado imobiliário se mostrou muito eficiente e está no nosso DNA. Sempre estamos de olho em oportunidades”, concluiu.
Apesar do trimestre mais fraco, a companhia avalia que o cenário para a safra 2025/26 segue positivo, com um La Niña de baixa intensidade nos aspectos climáticos. Até o fim de setembro, 24% da área de soja já havia sido plantada, com destaque para o Mato Grosso, que atingiu 40% da semeadura dentro da janela ótima.





