A BrasilAgro, que atua na compra e venda de propriedades rurais e na produção de grãos e fibras, encerrou o quarto trimestre do ano safra 2024/25 com lucro líquido de R$ 61,3 milhões, o que representa uma queda de 74% em relação ao mesmo intervalo da safra anterior.
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O resultado foi afetado por perdas na safra devido a problemas com a seca na Bahia e no Paraguai, e à queda na receita com vendas de propriedades rurais.
No trimestre, encerrado em 30 de junho, a receita líquida teve queda de 34%, para R$ 362,8 milhões. A receita com venda de fazenda encolheu 61%, para R$ 112 milhões. A receita líquida operacional, por sua vez, teve retração de 1%, para R$ 228,7 milhões.
A companhia destacou do lado positivo o desempenho da venda de cana-de-açúcar, com aumento de 5% em volume, para 1,84 milhão de toneladas, e de 36% em valor, para R$ 322,2 milhões. Outro destaque foi a venda de soja, que cresceu 16% em volume, para 193 mil toneladas, e 17% em valor, para R$ 364,6 milhões. O desempenho do algodão também foi positivo, com avanço de 6% em volume e 13% em receita.
Do lado negativo, houve queda de 42% no volume vendido de milho, para 77,8 mil toneladas, e de 32% em receita, para R$ 60,4 milhões. As vendas de feijão também recuaram 42% em volume (3,1 mil toneladas) e 38% em receita (R$ 7 milhões). E as vendas da pecuária encolheram 31% em volume (2,9 mil toneladas) e 14% em valor (R$ 25,5 milhões). A receita com arrendamentos teve queda de 35%, para R$ 9,3 milhões.
A variação do valor justo do ativo biológico (calculado pelo valor de mercado menos custos) teve queda de 31%, para R$ 22,1 milhões.
No segmento imobiliário, a BrasilAgro fechou em junho a venda da Fazenda Preferência, em Baianópolis (BA), por R$ 141,4 milhões, ou R$ 11.390,74 por hectare. Segundo a companhia, a venda resultou em um ganho contábil aproximado de R$ 106,7 milhões (diferença entre o valor de venda e o custo contábil). Com a operação, o total de vendas de terras nos últimos cinco anos soma R$ 1,9 bilhão.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 73% no último trimestre do ano safra 2024/25, para R$ 72 milhões.
O resultado financeiro ficou positivo em R$ 12,9 milhões no quarto trimestre, ante um prejuízo financeiro de R$ 36,7 milhões no mesmo intervalo do ano safra anterior. O resultado deve-se principalmente ao desempenho com derivativos, impulsionado por ganhos nas estratégias de hedge de grãos, com R$ 47,3 milhões, e de algodão, com R$ 4,8 milhões. Os ganhos foram parcialmente compensados por perdas nas operações de swap de dívidas, de R$ 21 milhões e com etanol, de R$ 12 milhões.
Safras
Na safra 2024/25, a produção de grãos e algodão da BrasilAgro ficou 9% abaixo da estimativa inicial, devido à redução da área plantada, a problemas com clima e a desafios operacionais durante o desenvolvimento das lavouras. Ainda assim, a produção foi 22% maior em relação à safra anterior, com aumento de 65,3 mil toneladas, para um total de 403,9 mil toneladas.
Para a safra 2025/26, que começa a ser plantada em setembro, a BrasilAgro prevê aumentar em 5% a área plantada de soja, par 79,3 mil hectares, com aumento de 17% na produção, para 252 mil toneladas. Para o milho, a previsão é aumento de 69% na área da safra de verão (11 mil hectares) e 27% na safrinha (16,3 mil hectares). A produção é estimada em 64,9 mil toneladas, alta de 43% na safra de verão, e 99,2 mil toneladas na safrinha, avanço de 39%. A companhia também prevê ampliar em 41% a produção de feijão na primeira safra e em 70% na safrinha. Para o algodão, a expectativa é uma redução de 51% na produção da safra de verão e 20% na segunda safra.
Na pecuária, a companhia estima para a safra 2025/26 redução de 36% no número de cabeças, para 11.567 animais, e queda de 15% na produção de carne, para 1,91 milhão de toneladas.
Em relação à compra de insumos para a safra 2025/26, a companhia informou que já adquiriu 19% dos fertilizantes nitrogenados, 81% do cloreto de potássio, 89% dos fosfatados, 75% de NPK formulado e 75% dos defensivos previstos para uso na temporada.Para a cana-de-açúcar, a BrasilAgro prevê uma produção de 1,86 milhão de toneladas, 18% abaixo da estimativa inicial para a safra 2025. O rendimento em toneladas colhidas por hectare é estimado em 71,53, queda de 17%.
Arrendamento
Em agosto de 2025, a BrasilAgro firmou contrato de arrendamento no município de Comodoro-MT, onde a companhia já opera 4.707 hectares. Já na safra 2025/26 serão incorporados aproximadamente 3 mil hectares da fazenda. O contrato prevê arrendamento de 13 safras, com preço médio de 13,7 sacas de soja por hectare.
No acumulado do ano safra 2024/25, o lucro líquido recuou 39%, para R$ 226,9 milhões. No ano safra, a receita cresceu 5%, para R$ 1,12 bilhão. No ano, o Ebitda ajustado recuou 4%, para R$ 267,3 milhões.